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Publicada em 12 de Maio de 2025 às 00:25

Handicap 36

Empresário e Presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças RS (IBEF)

Empresário e Presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças RS (IBEF)

Arquivo pessoal/Divulgação/JC
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Jornal do Comércio
Eduardo Estima
Eduardo Estima
Maio de 2024, o mês que expôs quão nu estava o Rei Rio Grande do Sul.
Arrastado e devastado por enorme quantidade de água, em rios que insistiram desviar suas curvas, transformando-as retas pela força da natureza e não se satisfazendo em simplesmente alagar suas margens, decidiram permanecer nos novos caminhos, como moradores de longa estada.
Cheias com mais de 2, 3 e até 8 metros de altura, insistiram em morar em nossas casas, ocupar nossas empresas, nossas escolas, e hospitais, estradas, ruas e avenidas, por um mês inteiro. Quando a água partiu deixou suas marcas, fortes, dolorosas e lodosas, misturas de agentes químicos e detritos, como cena de um filme de guerra apocalíptica.
Naquele agora, nos restava começar de novo. Uns partiram para terras mais amigáveis, outros para pontos mais altos, mas a maioria ficou, cravou pé na lama relutante e, lembrando Pedro I, disse ao povo que "Fico".
Um ano se passou, retomamos nossas estruturas privadas e ainda aguardamos o Estado retomar todas às que lhes cabe.
Ainda que se recuperando da catástrofe nos sentimos acolhidos, seja por nossas famílias ou amigos, seja por nossos irmãos Brasileiros e estrangeiros, que não mediram esforços ao ver a agonia da gente do Sul.
Vieram os financiamentos governamentais? Não. O mercado resolveu adquirir nossos produtos e serviços porque havíamos passado por tudo aqui falado? Não.
Então decidimos agir, colocar a faca gaudéria por entre os dentes, e partir campo a fora, numa desenfreada busca pela colocação de nossos bens e serviços no mercado nacional e mundial.
Após um ano de nossa cheia histórica, estamos de pé ainda que muitos devendo juros impagáveis, outros devendo impostos ou mesmo ainda vivendo precariamente, mas de pé, unidos, associados pelo que temos de melhor em nossa terra: nossa resiliência.
Estamos logisticamente distantes dos grandes centros de consumo do país para nossos produtos e serviços, o que mais nos desafia a entregar algo competitivo, lá na ponta final do mercado. Mas, estamos fortalecidos, seja pela união de nossas entidades, seja pelas pessoas que insistem em nos posicionar como vencedores novamente.
Fazendo uma analogia utilizando o golf, a dureza do áspero, mas, tão justo mercado, não nos oferecerá um handicap 36 (índice de iniciantes no esporte). Somos e seremos nós por nós, até à conquista de um hole-in-one.
Rio Grande: Dê o passo que Deus te coloca o chão.
Empresário e Presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças RS (IBEF)
 

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