Dário Schneider
As enchentes do ano passado trouxeram, para toda uma geração, os ecos da tragédia de 1941, até então a mais grave do nosso Estado. Vimos cenas de destruição, vimos a desolação, mas também vimos surgir o melhor das pessoas, manifestando em gestos de esperança e aprendizado.
Em resposta à catástrofe, vimos a união de forças pela solidariedade, ajudando quem mais precisava. Foi assim em 1941 e foi assim em 2024 - para todo o Estado e, também, nossa instituição, que viveu e enfrentou os desafios de cada crise, com empatia para com nossos semelhantes e resiliência para atravessar esses momentos adversos.
Oito décadas atrás, ainda no Centro Histórico, recebemos mais de 800 pessoas no nosso antigo endereço, a Rua da Igreja, atual Duque de Caxias. Em 2024, quando a história se repetiu, abrimos as portas do nosso espaço de convivência, no Morro do Sabiá, para acolher cerca de 200 homens, mulheres e crianças durante mais de um mês.
Lá, estudantes, ex-alunos, pais, professores, funcionários e o grupo de escoteiros se dedicaram a acolher quem tanto precisava, na forma de alimento, de cuidado e de abraços. A resposta da nossa comunidade também permitiu auxiliar 109 colaboradores e 55 estudantes que foram prejudicados pelas cheias, em uma corrente solidária que se somou a inúmeras ações em favor dos gaúchos.
O cenário caótico trouxe dúvidas, mas também alimentou um espírito de reconstrução. As experiências vividas promovem a sensibilidade social e educativa, incentivando a busca por um futuro melhor. A escuta ativa e o cuidado com o próximo foram prioridades, transformando a crise em um laboratório de amor e solidariedade.
O Colégio Anchieta reafirmou sua missão: a educação é um ato de amor e serviço de excelência ao próximo. Ao refletir sobre essa experiência, notamos que os desafios fortaleceram os laços da nossa comunidade educativa e nos preparam para o futuro.
Ao olharmos para a memória de 1941 e de 2024, a maior das lições é da importância da união e de uma educação que forme pessoas sensíveis e dispostas a agir. Que sejamos como nos diz no Evangelho de em Mateus, capítulo 20, versículo 28: "Assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". Quando nossos semelhantes necessitarem, que sejamos a mão que acolherá, o coração que abraçará e a mente que dará a força para superar todas as dificuldades.
Diretor Acadêmico do Colégio Anchieta e doutor em Educação