Caio Tiberio Rocha
O principal problema de infraestrutura nas grandes cidades é a falta de esgoto. No entanto, a COP-30 tem um foco mais amplo, abordando florestas, clima, biodiversidade, energias renováveis e compromissos financeiros dos países desenvolvidos, além da implementação de políticas de justiça climática.
Pela 30ª vez, o mundo se reunirá para definir as grandes decisões globais sobre o clima. Esse encontro resgata compromissos históricos, como o Mandato de Berlim, estabelecido em março de 1995, que teve como principal objetivo incentivar os países a adotarem ações mais enérgicas quanto à mitigação do efeito estufa.
As últimas COPs 28 e 29, realizadas em Dubai (Emirados Árabes) e Baku (Azerbaijão), ocorreram em países que são grandes produtores de petróleo e combustíveis fósseis, o que gerou fortes críticas da comunidade ambientalista. A ativista Sueca mundialmente conhecida, Greta Thunberg, por exemplo, se manteve ausente desses eventos e fez duras críticas.
Penso que esse período que antecede a realização da COP 30 será a oportunidade de divulgar o que somos e o que fazemos. É o momento de mostrar ao mundo que temos, sim, exemplos de sustentabilidade.
Vamos aos fatos: A agricultura brasileira garante, sozinha, 33% da matriz energética: 43% da energia brasileira vem de fontes renováveis como etanol, biodiesel, solar e eólica, enquanto a média mundial é de apenas 14%. Além disso, o álcool, resultado da produção de cana-de-açúcar (17%), corresponde a 27% do combustível em nossos veículos. Cerca de 11% da nossa energia vem das hidrelétricas, e nosso país tem participação relevante na produção de energia limpa.
A Europa, por exemplo, abandonou sua política ambiental com a guerra da Ucrânia, deixando para traz o cumprimento de suas metas. Grandes atores globais, como a China, são responsáveis por quase um terço das emissões mundiais, e os Estados Unidos é responsável por 12% das emissões, o que reforça a necessidade de medidas mais eficazes e comprometimento internacional.
Esta será a COP da América Latina e Caribe. Seremos cobrados, mas também é a hora de apontar responsabilidades. Não podemos nos calar e devemos exigir que a União Europeia retome as metas da política ambiental, que a China e os EUA reduzam suas emissões e que países como a Índia também venham a cumprir suas metas. A COP-30 deve garantir que os países desenvolvidos financiem a implementação das políticas climáticas nos países em desenvolvimento. Porém, há um grande obstáculo: as promessas feitas não são cumpridas. Há muita ênfase na redução de emissões, mas os recursos necessários para viabilizar a transição sustentável nos países emergentes não são disponibilizados de maneira efetiva.
Cabem aos governos aproveitar o momento para amplos esclarecimentos. A questão ambiental precisa entrar na pauta do dia do ambiente de trabalho, das redes sociais, das escolas. Políticas públicas de longo prazo demandam cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
Com esses desafios e oportunidades, a COP-30, em Belém, poderá ter o condão de redefinir estratégias ambientais globais e consolidar um compromisso efetivo na luta contra as mudanças climáticas em larga escala. Da agenda macro para a micro, chegando à tão necessária universalização do esgotamento sanitário.
Consultor Internacional para o Mercosul do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura