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Publicada em 18 de Fevereiro de 2025 às 15:56

Celulares na escola: reflexões e caminhos

Augusto Gubert, psicólogo da Pan American School de Porto Alegre

Augusto Gubert, psicólogo da Pan American School de Porto Alegre

Pan American School/Divulgação/JC
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Augusto Gubert
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Aprovada em janeiro deste ano, durante o período de férias escolares, a lei federal que restringe o uso de telefones celulares nas escolas públicas e privadas no Brasil - inclusive nos períodos de recreio - entrou em vigor já nesta volta às aulas. A decisão vem na esteira de medidas similares adotadas em outros países como Austrália, México e partes da União Europeia - incluindo a França, que adotou a proibição em 2018. Dados da Unesco estimam que aproximadamente 25% dos países do mundo já têm legislação que veta os aparelhos em instituições de ensino.
Essa é uma iniciativa importante que terá impacto direto no desenvolvimento psicológico e social dos alunos, e influencia no curso pessoal e profissional da geração atual. Isso porque a escola é um ambiente que proporciona o desenvolvimento de ferramentas socioemocionais. E os smartphones acabam comprometendo esse processo, mesmo durante os intervalos. Enquanto antigamente os recreios eram marcados pelas brincadeiras, como pega-pega e futebol, atualmente, o que se via eram crianças sentadas e imersas na realidade das telas, sem interagir umas com as outras.
Ainda que aparelhos eletrônicos tragam vantagens, o uso indiscriminado está ligado a transtornos psicológicos e psiquiátricos, além de prejuízos no desenvolvimento de habilidades importantes ligadas à consciência social, relacionamento e autogestão emocional. Portanto, é necessário reconhecer e trabalhar esse assunto internamente. Trazer à tona os riscos sobre o uso excessivo do celular no contexto pedagógico é uma estratégia importante para estabelecer boas práticas que enriqueçam laços sociais e proporcionem um movimento coletivo em direção ao cumprimento da nova legislação.
Para tal, é imperativo envolver os alunos em discussões e experiências sobre o assunto. O objetivo da restrição é promover benefícios no âmbito do convívio social, melhoria na qualidade do sono e garantir o aprendizado dos conteúdos curriculares e extracurriculares propostos. Neste contexto, a comunidade escolar precisa moderar sua própria experiência enquanto usuários desses aparelhos. Lembremos que a mudança de comportamento só ocorre se os adultos também puderem contribuir com o seu papel de referência de uso responsável para as crianças. Uma relação positiva entre pais, filhos e uso de smartphones colabora para que a adaptação à norma ocorra de maneira mais tranquila e proveitosa.
Psicólogo da Pan American School de Porto Alegre
 

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