Marcelo Maranata
Quando estivermos, cada um de nós, brindando a passagem de 2024 para 2025, com nossos familiares, fatalmente estaremos olhando para trás e tentando enxergar o que houve com nossas vidas desde maio deste ano aqui no Rio Grande do Sul, seja no campo pessoal, familiar ou econômico. Certamente, alguns estarão lembrando de perdas, sejam elas familiares ou patrimoniais. E isso nos remeterá a uma pergunta: olhar para frente?
As expectativas sempre são positivas. Temos indicadores de empregabilidade se alinhando com o pleno emprego, tanto por aqui no Estado como no Brasil. Temos uma melhor distribuição de renda, mesmo que longe do ideal, e programas sociais que beneficiam os mais afetados ou necessitados. Mas há também o que lamentar no cenário futuro.
Com extrema dificuldade de controlar os indicadores inflacionários, pelo menos por hora, o governo federal terá que conviver com uma expressiva elevação da taxa de juros nos próximos meses. Encerrando o ano com a taxa Selic em 12,25%, o Brasil vê ameaçado o seu crescimento em 2025 com previsão de pelo menos duas novas elevações nos primeiros meses. Altas taxas de juros são responsáveis, em uma primeira avaliação, pela desconfiança do mercado financeiro sobre a segurança de fazer investimentos. E, se acentuando os riscos para um futuro próximo, ninguém vai colocar o seu dinheiro.
Isso nos remete, novamente, e por alguns anos se repetindo, para apostar no desempenho do agronegócio. Mas até nossos irmãos do campo podem também ter dificuldades em continuar ajudando. Conforme o último levantamento do IBGE sobre a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2024, a colheita deve totalizar 294,3 milhões de toneladas, 6,7% menor que a obtida em 2023. E aí mora o perigo. Menor renda no campo vai significar menos emprego e recursos circulando no comércio e serviços, seja das cidades localizadas nas regiões produtoras ou não.
Resta-nos ter resiliência e fazer o brinde de final de ano com um pensamento positivo de que tudo pode ser melhor. Mesmo aquilo que não depende de nós. As empresas podem ser melhores, a economia pode ser melhor, as relações podem ser melhores e tudo mais pode nos remeter para um mundo onde proteger a família, no presente ou no futuro, seja nosso grande desafio.
Presidente da Granpal e prefeito de Guaíba (PDT)