Professor Cláudio Branchieri
Nas últimas semanas, denúncias sobre supostos planos de "golpe", incluindo o assassinato de figuras como o presidente Lula, o vice Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, dominaram os noticiários. Contudo, enquanto essa distração apresenta cenários grotescos e improváveis, um golpe real e mais perigoso ocorre silenciosamente: o ataque sistemático às bases da democracia brasileira.
Esse golpe em câmera lenta não surge da oposição ou de conspiradores caricatos, mas da ocupação estratégica das instituições para consolidar o poder de um partido. O PT, envolvido em escândalos como o mensalão e o petrolão, agora utiliza o STF como extensão de seu projeto político. Propostas rejeitadas pelo Congresso e criticadas pela população, como o PL da Censura, reaparecem por vias judiciais, contornando a vontade popular.
O Congresso, cada vez mais enfraquecido, é relegado a um papel figurativo, enquanto o governo utiliza o STF para governar através de decisões que desequilibram os poderes, transformando o Judiciário em legislador informal. A tentativa de cassar o registro do PL, maior força de oposição, evidencia outro grave ataque à pluralidade democrática. Enquanto opositores enfrentam perseguições, figuras condenadas por corrupção, como Zé Dirceu e João Vaccari Neto, retornam à vida pública sem constrangimento.
A economia também sofre sob essa lógica de destruição disfarçada. A dívida pública alcançou R$ 9 trilhões, com aumento de R$ 952 bilhões em 2024. Estatais, como os Correios, acumulam prejuízos bilionários.
Apesar disso, o governo ignora a responsabilidade fiscal, preferindo narrativas que desviam a atenção de sua gestão ineficiente. O resultado é a desconfiança no mercado financeiro sobre a capacidade do país de controlar gastos, conter o endividamento e manter a inflação sob controle.
O verdadeiro golpe não está em conspirações ou planos mirabolantes, mas na politização de instituições, perseguição a adversários, blindagem de aliados e enfraquecimento do Congresso. Esse golpe, disfarçado de defesa da democracia, ameaça as liberdades de todos os brasileiros.
O povo brasileiro já superou grandes desafios, com uma história de resiliência e força. Assim será novamente. A verdade, ecoada por uma sociedade determinada a preservar sua liberdade, é o golpe mais poderoso. O futuro do Brasil exige coragem — e essa coragem começa agora.
Deputado estadual (Podemos) e economista