Rafael Frederico Henn
Valorizar a região de onde viemos ou a cidade que nos acolhe é algo típico do gaúcho. Esse sentimento pode ser reconhecido de diversas formas — pela promoção da cultura e das tradições, pelo apoio aos negócios locais, pela valorização da culinária típica. Existe ainda uma outra forma de pertencimento que nos caracteriza: o apreço pelas instituições que participaram da nossa formação estudantil e profissional.
São escolas e universidades que marcaram a trajetória individual de muitas pessoas. E que, mais do que isso, desempenharam um papel no desenvolvimento das cidades e regiões. Isso é ainda mais verdadeiro no caso das universidades comunitárias: organizações que, olhando para a comunidade, cresceram e se fortaleceram mutuamente.
De Norte a Sul do RS, os municípios impactados pela educação comunitária carregam na própria evolução a marca dessa relação. Setores econômicos e sociais bebem na fonte da inovação e da qualificação profissional a partir das trocas possíveis pela vida acadêmica, sempre conectada com as demandas regionais. Tudo isso amplia as possibilidades de encaixe entre a sociedade e suas expectativas, e o Ensino Superior e suas possibilidades.
Depois de décadas, não podemos mais separar universidades das comunidades. No entanto, isso corre cada vez mais risco de ocorrer — tendo em vista todos os desafios financeiros dessas instituições. Há muitos fatores que explicam isso, desde o cenário econômico aos entraves burocráticos para o recebimento de recursos.
Mudar esse jogo e trazer mais luz à pauta das universidades comunitárias é um dever da sociedade. Uma das prioridades nesse sentido é a regulamentação da Lei 12.881/2013, que permite às instituições receberem recursos orçamentários do poder público, participar de editais de órgãos governamentais de fomento e ter prioridade em políticas de expansão do acesso e permanência na universidade.
Sensibilizar os parlamentares para a agilidade das aprovações em Brasília já será um primeiro passo. Mas há muito o que fazer. Reconhecer o trabalho das universidades comunitárias, realizado em sintonia com os atores regionais, é o caminho para uma Educação Superior de qualidade para a população. E, em efeito direto e imediato, a geração de talentos e o desenvolvimento dos municípios.
Presidente do Comung e reitor da Unisc