Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 07 de Março de 2024 às 16:36

Igualdade de gêneros: uma conquista em aberto

Claudine Freire Rodembusch

Claudine Freire Rodembusch

Faculdde Estácio/Divulgação/JC
Compartilhe:
JC
JC
Claudine Freire Rodembusch
Claudine Freire Rodembusch
A milenar implantação do patriarcado nas sociedades humanas de fundamentação mítico-religiosa, de maneira geral, tem destinado aos homens os papéis sociais da dimensão pública, ou seja, o trabalho, a política e o poder, em todas as instâncias organizacionais. Relegado às mulheres ficaram os papéis sociais de caráter privado como a família e os filhos.
Entretanto, se pode assinalar o século XX como o responsável pela maior transformação dessa estrutura social, na medida em que, em nível internacional, passam a surgir movimentos que indicam a tomada de consciência das mulheres que, paulatinamente, passaram a exigir igualdade de direitos civis. Isto repercutiu muito no Brasil, desde a estruturação de nossa atual Constituição, pela formação e influência desses movimentos feministas, como a "Bancada do Batom", que foi responsável pela consolidação desses direitos em nosso ordenamento.
O País dispõe de uma série de leis que visam estabelecer essa equiparação de condições, mas, infelizmente, a realidade social ainda é perversa nesse sentido, haja vista que uma mulher ganha, em média, 78% dos rendimentos de um homem, como apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso de mulheres pretas ou pardas, o percentual cai para menos da metade (46%). Eis o anúncio da discrepância entre um ordenamento que estabelece essa igualdade de direitos, em choque com uma realidade social que evidencia um preconceito histórico, estrutural e sistêmico.
Portanto, o Dia Internacional da Mulher, antes de quaisquer considerações sentimentais, deve ser utilizado para uma profunda reflexão acerca da desigualdade de gêneros e, logo, de planejamento de ações, pelos movimentos sociais, para que se continuem a criar pautas capazes de sensibilizar o Estado a adotar políticas públicas, livres das injunções ideológicas de partidos que venham a assumir o poder. Daí é que se chega à afirmação, de que os direitos femininos foram conquistados pela luta das mulheres, não se tratando de concessões do poder do Estado.
Coordenadora do Curso de Direito da Estácio - RS
 

Notícias relacionadas