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Publicada em 24 de Fevereiro de 2024 às 07:00

A COP-28 e Hubert Reeves

Claudio Dilda, ex-Secretário da Sema e da Smam

Claudio Dilda, ex-Secretário da Sema e da Smam

/JONATHAN HECKLER/JC
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Claudio Dilda
Claudio Dilda
"O Homem é a mais insana das espécies. Adora um Deus invisível e mata uma natureza visível... sem perceber que a natureza que ele mata é esse Deus invisível que ele adora." (Hubert Reeves)
Acabou recentemente a COP 28, realizada em Dubai. Mais uma vez o âmago da problemática ambiental, as mudanças climáticas e as desigualdades (menos de 15% dos seres humanos consomem 80% dos recursos naturais), foi tangenciado trigonométrica e tragicamente. Exagero? Talvez. Contudo, a velocidade das mudanças que o modus vivendi humano imprime no ambiente, lato sensu, mesmo que essas causas cessem agora, muito tempo se fará necessário para o retorno às condições pré-revolução industrial ou mesmo aos cenários dos anos 1980/90.
Como muito bem ponderou Kofi Anan, "Proteger o meio ambiente custa caro. Não fazer nada custará mais caro ainda." Vejam-se os eventos extremos que vêm se sucedendo nas diversas partes do mundo, incluindo o Brasil e, nele, o Rio Grande do Sul. Como explicar que no espaço de dois meses, dois eventos catastróficos atingiram os mesmos municípios do vale do Rio Taquari? Santa Teresa, Muçum e Roca Sales com maior intensidade, mas Encantado, Lajeado, Cruzeiro do Sul, e outros, também sentiram os efeitos devastadores das inundações. Antes, o Rio Grande do Sul viveu três anos de secas prolongadas. Perdas nas secas. Perdas nas inundações. De produção, de edificações, de vidas. Serão ou não alertas de que algo não está bem?
Será possível frear a temperatura? A permanente postergação, verdadeira resistência em modificar hábitos de vida e sistemas de produção que asseguram superioridade e hegemonia de países no concerto das Nações faz com que, indistintamente, toda a humanidade sofra as consequências dessas alterações que são, sim, mudanças climáticas, com amplo espectro de abrangência. "Quando espécies animais e vegetais desaparecem, já é tarde demais, diz Hubert Reeves. E, se um dia estivermos diante de uma precipitação incontrolada do efeito estufa, será igualmente tarde demais para salvar a espécie humana."
Ex-Secretário da Sema e da Smam
 

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