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Opinião

Artigo

- Publicada em 21 de Novembro de 2023 às 01:25

A saúde do homem em alerta

Gilnei Krüger Penno é chefe Serviço de Urologia do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI)

Gilnei Krüger Penno é chefe Serviço de Urologia do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI)


/Arquivo pessoal/Divulgação/JC
Gilnei Krüger Penno
Gilnei Krüger Penno
Recentemente, o IBGE divulgou os resultados do Censo de 2022. Sem surpresas, o levantamento mostrou que a população feminina é maioria no País. As razões são muitas, mas destaco uma: os homens costumam ser mais displicentes em relação à própria saúde, o que muitas vezes abrevia o seu tempo de vida. Por isso o Novembro Azul foi criado.
Para além dos cuidados gerais, a campanha de conscientização chama a atenção para o câncer de próstata, tumor mais frequente em homens no Brasil, com estimativa de 72 mil novos casos em 2023, sendo mais de 3,5 mil só no Rio Grande do Sul. No último ano, o número de mortes em decorrência da doença superou os 15 mil.
Como ele é assintomático nas fases iniciais, a prevenção é fundamental. Portanto, consultas médicas regulares e exames periódicos — conforme prescrição — têm de entrar na rotina dos homens. Dificuldade para urinar, diminuição do jato, presença de sangue ou aumento da frequência de idas ao banheiro ao longo do dia devem acender o alerta.
Apesar de ser mais comum a partir dos 60 anos, homens mais jovens, antes dos 45, também podem ter câncer de próstata. É importante observar o histórico familiar da doença em parentes próximos, como pais, irmãos e avós, pois há um componente genético.
A população negra precisa ter cuidado redobrado, pois, além de somar a maioria dos casos, costuma apresentar quadros mais severos da doença, em razão de fatores moleculares. A desigualdade econômica com corte racial no país, infelizmente, também faz com que muitas dessas pessoas acessem o sistema de saúde em estágios muito avançados da doença.
Para chegar ao diagnóstico, é preciso manter uma rotina de visitas ao médico e, quando indicado, realizar exames preventivos, como o PSA e a ecografia. O rastreamento é recomendado em alguns casos, mas deve ser feito de forma racional. A Sociedade Brasileira de Urologia sugere rastreio geral dos 50 até os 80 anos, e, para o grupo de risco, a partir dos 45 anos.
Todo Novembro Azul nos traz uma nova chance de conscientização. O descaso com a saúde e — pior — o tabu que alguns homens ainda têm em relação aos cuidados com o próprio corpo não têm mais cabimento em um tempo de amplo acesso à informação. Procure um médico, previna-se, e vamos virar esse quadro alarmante da saúde do homem no Brasil.
Responsável pelo Serviço de Uro-oncologia do Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia do Hospital de Clínicas Ijuí (HCI)