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Opinião

Artigo

- Publicada em 19 de Novembro de 2023 às 19:48

Por uma cidade mais maleável

Vaneska Henrique é coordenadora de Planejamento Urbano da Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre

Vaneska Henrique é coordenadora de Planejamento Urbano da Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre


Alex Rocha/PMPA/JC
Vaneska Henrique
Vaneska Henrique
Quando falamos de habitação e planejamento urbano, o que vem à nossa cabeça normalmente é a construção de casas populares subsidiadas com recursos públicos, como o Minha Casa, Minha Vida. É claro que é importante garantir que as pessoas tenham acesso à moradia e vivam com dignidade nas cidades, mas este é um tema que vai muito além dessa discussão. É preciso também avaliar as condições de estrutura já existentes dentro de cada região, considerando suas características, para potencializá-las, de forma que atendam às necessidades dos moradores.
Entre os assuntos que temos nos dedicado na revisão do Plano Diretor de Porto Alegre, está o desempenho das edificações. Este é um conceito do urbanismo que trata de como as construções respondem aos requisitos técnicos que resguardam a qualidade de vida dos habitantes de um bairro, de um quarteirão, de uma rua. Questões como iluminação e ventilação, integração com o entorno e capacidade de infraestrutura estão entre eles. Se uma empresa, por exemplo, quiser construir um prédio de 20 andares em um determinado local, o nosso regramento urbano tem de prever se esta localidade está apta a receber este tipo de empreendimento.
No atual Plano Diretor da Capital, há um direcionamento grande para a preservação das características da cidade, o que, na prática, tem impedido o desenvolvimento e comprometido as potencialidades de várias regiões. Com esse tipo de determinação engessada, bairros como o Três Figueiras e a Chácara das Pedras, dois dos mais valorizados no município, ficaram parados no tempo. Há casas abandonadas em terrenos valiosos, numa região que poderia receber milhares de pessoas.
Além de responder melhor às atuais práticas sociais e a um novo perfil de composição familiar, mais enxuto, a flexibilização que defendemos trará mais vida para a cidade. Quanto mais gente concentrada nessas "zonas de uso", maior será a circulação nesses locais. Isso consequentemente gera uma atração de investimentos e abre novas oportunidades de negócios, com aumento do consumo local, geração de empregos e a possibilidade de parcerias para obras de melhorias. E para o poder público sobram mais recursos para investir em áreas prioritárias, em locais de maior vulnerabilidade.
Claro que tudo isso tem de ser conduzido com muita responsabilidade, de maneira sustentável e equilibrada, respeitando as populações das diferentes regiões. Tornar a cidade mais maleável, no entanto, é um caminho que beneficiará muita gente, dos mais diversos grupos socioeconômicos, e tornará Porto Alegre mais próspera, moderna e boa de se viver.
Coordenadora de Planejamento Urbano da Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre