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Opinião

Artigo

- Publicada em 14 de Setembro de 2023 às 20:07

Desvirtuamento da finalidade do Carf

Luiz Carlos Bohn

Luiz Carlos Bohn


João Alves/Fecomércio/Divulgação/JC
Luiz Carlos Bohn
Luiz Carlos Bohn
O Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), possui a finalidade de decidir em última instância, os processos administrativos envolvendo fisco e contribuintes, devendo aplicar a legislação referente aos tributos administrados pela Receita Federal do Brasil (RFB).
O chamado "voto de qualidade" existia até 2020, ou seja, até esse momento quem dava o veredito final nos casos de empate era um conselheiro representante da Fazenda. Então, o Congresso Nacional alterou a legislação, passando a determinar que o desempate dos julgamentos seria decidido por representante dos contribuintes. Em 2023, o governo reinstituiu o voto de qualidade por meio de Medida Provisória, a qual perdeu eficácia, por não ter sido votada no Congresso. Na sequência, foi apresentado Projeto de Lei, e agora o mesmo Congresso, contrariando sua própria diretriz de 2020, aprova o retorno do desempate favorável ao fisco.
E o motivo? Arcabouço fiscal, ou seja, utilizar o Carf como forma de arrecadação para tentar reduzir o déficit fiscal. A expectativa do Governo é arrecadar mais de 50 bilhões com essa alteração. Houve um completo desvirtuamento da finalidade do Tribunal, que deveria ser unicamente julgar de forma neutra e imparcial, aplicando a legislação.
Como moeda de troca foram concedidas algumas compensações aos contribuintes, por exemplo a exclusão de multas e o parcelamento em 12 vezes, todavia, as medidas não amenizam a grave insegurança jurídica criada para o contribuinte mediante a priorização da arrecadação em detrimento da violação de seus direitos.
Presidente do Sistema Fecomércio-RS Sesc/Senac