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Opinião

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Artigo

- Publicada em 05 de Junho de 2023 às 00:35

Daltonismo ambiental

Valny Giacomelli Sobrinho
Valny Giacomelli Sobrinho
Simbolicamente, junho é um mês daltônico. Enquanto o marketing da saúde humana coloriu-o de vermelho, para incentivar a doação de sangue, o da saúde do planeta associou-o ao verde. Instituiu, no dia 5, o Dia Mundial do Meio Ambiente, porque, 51 anos atrás, uma conferência realizada em Estocolmo, na Suécia (16/6/1972), introduzia oficialmente, na política internacional, a agenda ambiental.
Politicamente, após a queda do muro de Berlim, em 1989, o "esverdeamento" das economias ocidentais foi associado ao desbotamento do vermelho das economias planificadas. Resume-se bem isso no livro Planeta Azul em Algemas Verdes - O Que Está em Perigo: o Clima ou a Liberdade? - indaga Václav Klaus, ex-presidente da República Tcheca (2003-2013), surgida, em 1993, dos escombros da ex-Tchecoslováquia comunista.
Um ano antes, no Brasil, ocorria, no Rio de Janeiro, a ECO-92 (14/6/1992), que consolidou o conceito de "desenvolvimento sustentável", esboçado no de "ecodesenvolvimento", da conferência de Estocolmo, havia 20 anos. Na prática, o equilíbrio entre eficiência econômica, distribuição social da riqueza e sustentabilidade ambiental costuma ser tão embaraçoso quanto o ideário político da Revolução Francesa: igualdade, liberdade, fraternidade. A razão mais evidente disso é que não há igualdade na distribuição das riquezas naturais do planeta. Economicamente, tanto no tempo (historicamente) quanto no espaço (geograficamente), o resultado são esforços (custos) e benefícios distintos, cuja padronização ameaça a liberdade de escolha das nações e a fraternidade entre os povos.
Historicamente, não há liberdade sem energia, cuja fonte primária (incluindo alimento) é invariavelmente a natureza. "Bonito por natureza", falta ao Brasil, que recém completou 200 anos de independência política, libertar-se de algemas verdes que o aprisionam a um parnaso cor-de-rosa.
Esse romantismo ambiental, herdado do século XIX, cultua o "mito da natureza intocada" e seus santuários ecológicos, mantidos como paraísos na terra. Presa neles, a transição energética limpa, com fontes renováveis de energia e redução de emissões de carbono, condenará a economia a operar no vermelho. Como na genética, o daltonismo ambiental não tem cura, mas tem tratamento. A prescrição de sucesso são soluções baseadas na natureza, que usam incentivos econômicos, não punições, para cuidar do verde que se vê ainda.
Economista