Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

Opinião

artigo

- Publicada em 21 de Março de 2023 às 20:58

O trânsito é a nossa cara

Marcelo Roxo Matusiak
Marcelo Roxo Matusiak
Não é certo julgar uma cidade inteira por conta da atitude de uma pessoa só. Por isso, antes de mais nada eu digo que o olhar precisa ser coletivo. A provocação que eu faço na semana do aniversário de Porto Alegre é que nós, porto-alegrenses, somos exatamente a cara do nosso trânsito. Há algum tempo tenho observado que não tem jeito melhor para descobrir o temperamento e a personalidade de uma pessoa do que olhar a maneira como ele conduz um carro, moto, caminhão ou bicicleta.
O estressado, corta a frente de todo mundo e ignora faixa de pedestre; o malandro se enfia na primeira brecha para ganhar o lugar à frente de alguém poupando alguns segundos do seu dia e o campeão de todos são às centenas ou milhares que dirigem e teclam ao mesmo tempo no seu inseparável celular ignorando todos os riscos.
Sempre gostei e procuro gostar de nossa cidade, mas me desaponto muito quando ando no nosso trânsito de carro, mas ainda mais praticando corrida ou andando de bicicleta. Claro que há exemplos positivos, também: o diferenciado espera pedestres passarem e gentilmente segue passagem para um carro que está saindo de uma garagem ou o cidadão responsável que respeita a preferência do ciclista antes de fazer uma conversão e mantém a devida distância estabelecido no Código de Trânsito. Estou falando aqui da pessoa que mora em Porto Alegre e não da cidade em si. Não tem a ver com a prefeitura, tem a ver com as nossas atitudes. Não adianta o poder público reformar uma parada de ônibus e alguém ir lá e pichar ou depredar; não adianta construir uma rótula que invariavelmente quase ninguém respeita; não adianta estabelecer uma preferência para o ciclista que os veículos ignoram por completo. Quem já não ouviu as expressões famosas que ao chegar em Gramado ou Canela, o mesmo estúpido motorista que toca o carro por cima da faixa de segurança, se transforma, vira uma outra pessoa. Por que isso acontece? É tão difícil ser educado independente do lugar? Precisa estar em um centro turístico para agir civilizadamente?
Vivi algumas experiências em outros lugares do Brasil e ouço, infelizmente, muita gente dizendo que o motorista daqui da capital gaúcha é um dos mais mal-educados do País. Não precisamos ir muito longe para ver o quanto podemos evoluir. Quando estive no Uruguai, fiquei abismado que ao circular lentamente procurando um endereço e tentando me localizar, o carro de trás não buzinou, não abriu a janela e não me proferiu palavrões. Estranhei aquilo. Olhei no retrovisor e o carro só deu a seta e contornou me ultrapassando. Eu quase disse para ele: tá e aí não vai me xingar??
A cidade de Porto Alegre a meu ver está ficando mais bonita. Praças e parques estão sendo arrumados. Está mais gostoso e atraente viver aqui. Agora é hora de começarmos a mudar o nosso comportamento.
Jornalista, diretor da PlayPress Assessoria