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Opinião

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- Publicada em 20 de Março de 2023 às 17:57

Onde vão parar as microfranquias?

Erlon Labatut O franchising brasileiro está mais forte do que nunca, passou pelo momento mais crítico da pandemia, mostrando resiliência, com destaque para o modelo de microfranquias. O modelo de investimento e operação mais enxutos, ganhou mais espaço perante o cenário econômico mundial e os números demonstram isso. Vide o último balanço anual do franchising divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que apontou um crescimento de 49% das microfranquias no setor, caracterizando um impacto expressivo do modelo no aumento do faturamento do franchising, que superou a marca dos R$ 210 bilhões em 2022. As microfranquias são aquelas com um investimento inicial de até R$ 105 mil, valor definido pela ABF, e, em geral, são franquias de estrutura mais simples. Quando falo de uma estrutura simples, isso significa operações no formato de quiosques, de unidades móveis, home based, aquelas onde o franqueado trabalha a partir de casa, sem um ponto físico, e as franquias no modelo dark kitchens, nas quais o franqueado aluga uma cozinha que atenderá somente pedidos no delivery e/ou balcão. Além da pequena estrutura, normalmente nas microfranquias é o próprio franqueado que está trabalhando na operação, sozinho ou com poucos colaboradores. À primeira vista, podemos atribuir o sucesso das microfranquias ao fato de ser um modelo de negócios de investimento mais baixo, onde mais pessoas conseguem dispor do valor inicial e, por conta disso, conseguem vender suas operações em um volume maior. Isso é realmente verdade, mas existem outros aspectos, os quais são até mais conceituais e servem não só para identificarmos o porquê deste crescimento, mas também para permitir uma tentativa de previsão do que irá acontecer com elas no futuro. Estes aspectos são de ordem econômica, cultural e tecnológica. No que se refere a tecnologia vemos dois pontos interessantes: um é que a tecnologia vem provocando a diminuição da necessidade de mão de obra, principalmente em funções mais operacionais, visto que essas vagas que foram ocupadas por algum tipo de inteligência artificial, não existem mais. Em outras palavras: temos uma massa de pessoas que podem perder seu emprego em breve, e isso não é culpa de uma crise, mas sim uma situação natural da evolução tecnológica, ou seja, não tem mais volta. Bom, se a oferta de emprego em algumas áreas do mercado está menor, muitos acabam enxergando o empreendedorismo como o caminho para ter a sua renda. Aqui entramos na questão cultural, onde, cada vez mais, o empreendedorismo se torna atraente para as pessoas. E esse público que se soma a outro bem distinto: o dos jovens em início de carreira que, na verdade, não querem uma carreira, mas sim empreender por conta própria. Para estes dois públicos que não tem conhecimento e experiência, nem um grande capital para investir, as microfranquias se encaixam perfeitamente. Na questão econômica, além do fato de ser um negócio que requer um investimento menor, outro fator é que, no caso das microfranquias, elas ficam praticamente “imunes” aos impactos da alta de juros no que se refere à oportunidade de investimentos. Enquanto a alta de juros pode tornar franquias tradicionais menos atraentes para investidores que analisam a rentabilidade entre diversas opções de investimentos, o mesmo não acontece com as microfranquias, pois normalmente esse tipo de empreendedor não está comparando com outras opções, mas sim buscando uma forma de ganhar a vida empreendendo com menor risco. Diante desta análise, fica evidente que as franquias de baixo investimento terão vida muito longa, até porque esse ciclo é retroalimentado, à medida que elas crescem e têm sucesso, outras franqueadoras começam a aderir ao modelo de microfranquias, e empresas que ainda nem utilizavam o franchising como estratégia de expansão, passam a incluir o sistema nos seus planos de crescimento. Vale lembrar que, mesmo com um cenário tão promissor, é importante ter os cuidados necessários para construir um modelo de negócios que seja realmente lucrativo e sustentável a longo prazo, tanto para franqueadores, quanto para franqueados.Sócio-diretor da Consultoria Franqueador.com
Erlon Labatut

O franchising brasileiro está mais forte do que nunca, passou pelo momento mais crítico da pandemia, mostrando resiliência, com destaque para o modelo de microfranquias. O modelo de investimento e operação mais enxutos, ganhou mais espaço perante o cenário econômico mundial e os números demonstram isso. Vide o último balanço anual do franchising divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), que apontou um crescimento de 49% das microfranquias no setor, caracterizando um impacto expressivo do modelo no aumento do faturamento do franchising, que superou a marca dos R$ 210 bilhões em 2022.

As microfranquias são aquelas com um investimento inicial de até R$ 105 mil, valor definido pela ABF, e, em geral, são franquias de estrutura mais simples. Quando falo de uma estrutura simples, isso significa operações no formato de quiosques, de unidades móveis, home based, aquelas onde o franqueado trabalha a partir de casa, sem um ponto físico, e as franquias no modelo dark kitchens, nas quais o franqueado aluga uma cozinha que atenderá somente pedidos no delivery e/ou balcão. Além da pequena estrutura, normalmente nas microfranquias é o próprio franqueado que está trabalhando na operação, sozinho ou com poucos colaboradores.

À primeira vista, podemos atribuir o sucesso das microfranquias ao fato de ser um modelo de negócios de investimento mais baixo, onde mais pessoas conseguem dispor do valor inicial e, por conta disso, conseguem vender suas operações em um volume maior. Isso é realmente verdade, mas existem outros aspectos, os quais são até mais conceituais e servem não só para identificarmos o porquê deste crescimento, mas também para permitir uma tentativa de previsão do que irá acontecer com elas no futuro. Estes aspectos são de ordem econômica, cultural e tecnológica.

No que se refere a tecnologia vemos dois pontos interessantes: um é que a tecnologia vem provocando a diminuição da necessidade de mão de obra, principalmente em funções mais operacionais, visto que essas vagas que foram ocupadas por algum tipo de inteligência artificial, não existem mais. Em outras palavras: temos uma massa de pessoas que podem perder seu emprego em breve, e isso não é culpa de uma crise, mas sim uma situação natural da evolução tecnológica, ou seja, não tem mais volta.

Bom, se a oferta de emprego em algumas áreas do mercado está menor, muitos acabam enxergando o empreendedorismo como o caminho para ter a sua renda. Aqui entramos na questão cultural, onde, cada vez mais, o empreendedorismo se torna atraente para as pessoas. E esse público que se soma a outro bem distinto: o dos jovens em início de carreira que, na verdade, não querem uma carreira, mas sim empreender por conta própria. Para estes dois públicos que não tem conhecimento e experiência, nem um grande capital para investir, as microfranquias se encaixam perfeitamente.

Na questão econômica, além do fato de ser um negócio que requer um investimento menor, outro fator é que, no caso das microfranquias, elas ficam praticamente “imunes” aos impactos da alta de juros no que se refere à oportunidade de investimentos. Enquanto a alta de juros pode tornar franquias tradicionais menos atraentes para investidores que analisam a rentabilidade entre diversas opções de investimentos, o mesmo não acontece com as microfranquias, pois normalmente esse tipo de empreendedor não está comparando com outras opções, mas sim buscando uma forma de ganhar a vida empreendendo com menor risco.

Diante desta análise, fica evidente que as franquias de baixo investimento terão vida muito longa, até porque esse ciclo é retroalimentado, à medida que elas crescem e têm sucesso, outras franqueadoras começam a aderir ao modelo de microfranquias, e empresas que ainda nem utilizavam o franchising como estratégia de expansão, passam a incluir o sistema nos seus planos de crescimento. Vale lembrar que, mesmo com um cenário tão promissor, é importante ter os cuidados necessários para construir um modelo de negócios que seja realmente lucrativo e sustentável a longo prazo, tanto para franqueadores, quanto para franqueados.

Sócio-diretor da Consultoria Franqueador.com