Os presidentes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) se comprometeram com a integração regional, em meio às múltiplas crises que esta parte do mundo enfrenta, e comemoraram o retorno do Brasil ao fórum. Integrada por 33 Estados-membros, a Celac é uma espécie de 0rganização dos Estados Americanos (OEA), porém, sem os Estados Unidos e o Canadá. Um mecanismo genuinamente latino-americano dearticulação política e resolução de conflitos interpaíses.
No encontro da Celac, o protagonista maior foi do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou ao cenário internacional. Em meio a diversas crises políticas em países membros, Lula citou as múltiplas crises que o mundo vive, da pandemia às mudanças climáticas, às tensões geopolíticas, à insegurança alimentar ou as ameaças à democracia.
Mas, a Celac ocorreu em um contexto de múltiplas crises internas nos países latino-americanos, e, inclusive, de tensões entre vizinhos e parceiros.
O Peru atravessa uma profunda crise institucional, com uma sucessão de presidentes em poucos anos, a maioria depostos, o último deles o professor rural Pedro Castillo, destituído pelo Congresso após várias tentativas no dia em que anunciou que dissolveria o Legislativo, governaria por decreto e interviria na Justiça.
A tentativa de autogolpe não teve o apoio das forças de segurança e Castillo está em prisão preventiva, e os protestos nas ruas do contra o governo de sua sucessora, Dina Boluarte, não pararam com dezenas de mortos.Na Nicarágua, opositores ao regime de Daniel Ortega continuam presos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos pediu medidas urgentes para a libertação de alguns, entre eles ex-candidatos à presidência.
A Argentina atravessa uma crise inflacionária em pleno ano eleitoral, e o governo do presidente Alberto Fernández multiplica medidas para tentar conter a alta dos preços, enquanto tenta cumprir as metas fiscais acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual deve US4 44 bilhões. O Chile voltará a lançar o processo para tentar aprovar uma nova Constituição. Na Colômbia, o governo decidiu discutir a partir de fevereiro um cessar-fogo com a última guerrilha do país.
O Mercosul quer negociar um Tratado de Livre Comércio bilateral com a China. Por isso, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, propôs à Celac uma zona de livre comércio na América Latina e no Caribe. A cúpula foi encerrada com a Declaração de Buenos Aires, que reivindicou o compromisso da Celac com a democracia, o respeito aos direitos humanos e o multilateralismo.