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Opinião

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- Publicada em 24 de Janeiro de 2023 às 20:52

Segurança contra incêndio: estamos seguros?

Cezar Henrique Ferreira
Cezar Henrique Ferreira
Dez anos após a tragédia de Santa Maria, que custou a vida de nada menos do que 242 jovens e acarretou um gigantesco trauma às famílias, às comunidades e à toda a sociedade, mesmo com a vigência da chamada Lei Kiss, é ainda incerto afirmar que está mais seguro frequentarmos determinadas edificações e áreas de risco no Rio Grande do Sul. Mesmo que o tema esteja há décadas em pauta e que diversas iniciativas tenham sido realizadas, estamos, infelizmente, muito longe de possuirmos uma cultura de segurança.
A soma de pequenas, médias e grandes irresponsabilidades é a maior ameaça. O jeitinho, a gambiarra, o improviso, o oportunismo estão por toda a parte e são perfeitamente visíveis. Na maioria das vezes, um avião cai por uma série de fatores e situações que se somam de forma dramática num único momento. Mesmo considerando o rigor da regulamentação internacional na segurança da aviação, ainda assim, aviões caem. Agora, transportemos tal analogia para as edificações que são milhares em cada cidade. Não haverá surpresa se encontrarmos locais com superação da capacidade máxima, alto consumo de energia, ausência de rotas de fuga, presença de materiais com potencial combustível, medidas de segurança contra incêndios frágeis ou inexistentes, espaços exíguos, aspectos culturais, falta de treinamento, entre tantos outros fatores que, se não forem rigorosamente encarados como risco (principalmente se somados num mesmo instante), formam um quadro propício a incêndios.
Evoluímos muito, mas estamos ainda distantes de um cenário recomendável. Foram necessárias décadas, por exemplo, para nos acostumarmos ao uso do cinto de segurança; nossas ruas ainda não estão suficientemente sinalizadas com faixas de segurança; faltam semáforos para pedestres, respeito ao ciclista, atenção ao limite de velocidade, negligência na conservação dos veículos, etc. Continuamos perdendo milhares de vidas a cada ano nas ruas e nas estradas, mesmo com grandes esforços de comunicação, controle e fiscalização. Mas e na segurança contra incêndio?
Por que insistimos numa prática de flexibilização em nome da redução de custos? Até pouco tempo, percebíamos a atuação de leigos nos projetos de segurança justificada por lacunas na legislação. Hoje, tal precarização explosiva está no próprio (e novo) texto legal, no ataque aos pilares da Lei Kiss e ao exercício da profissão de engenheiros e arquitetos.
Presidente do Sindicato dos Engenheiros do RS
 
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