Ivanor Ferronatto
Tinha prometido não dar mais atenção a este assunto, porém, diante do que vi nos debates televisivos de candidatos à Presidência, não posso me furtar a tecer comentários. Começamos pelo nosso estado, que por aqui andou Theodoro, pensando que a república fosse a solução de Floriano Peixoto. Produziu Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola, Oswaldo Aranha, Lindolfo Collor, João Dentice, Paulo Brossard, e tantos outros e que novas lideranças foram cerceadas, no nascedouro do movimento universitário, por vinte anos, e tornou famoso quem se utilizou do termo “uma geração amordaçada”. Ele atribuía a isto, e com certa razão, o empobrecimento dos quadros políticos que se apresentou quando da redemocratização. Mas o ovo da serpente, a meu ver, ocorreu nos decêndios que se sucederam, com a não alternância na condução da nação. Nele foi praticada nos bancos escolares do ensino público no país a “desconstituição” da formação política do cidadão. Vale lembrar que Brizola, quando chegou a Porto Alegre, teve seu sustento no trabalho como ascensorista e se formou em engenharia civil, Collares veio dos quadros dos ferroviários. Ora, para estes, oriundos de tal vácuo, sem a luminosidade do aprendizado, qualquer lamparina lhe parece ser o caminho. Somando os dois fatores, a geração amordaçada e a “desconstituída” tem como resultado o analfabetismo político materializado no quadro partidário que temos hoje. O retrato está provado nos debates presidenciais televisivos. Quem acredita que teria a aprovação de Brizola, PDT; Ulysses Guimarães, MDB; Mário Covas, PSDB; Miguel Arraes, PSD; a renúncia à disputa pela Presidência da República agora praticada? Quem acredita que os partidos não tenham em seus quadros elementos para marcar a disputa?
Penso, e divido com quem vier a ler esta manifestação, que há, isto sim, um menosprezo pela presidência, e sim uma valorização pelas instituições legislativas, onde um maior número de correligionários, aumenta em muito, o poder de barganha junto ao executivo. Novos tempos, pobres tempos, vivemos de recordações.
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