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Opinião

Artigo

- Publicada em 21 de Setembro de 2022 às 00:35

Como mudar, de verdade, nossas cidades

Zé Barbosa
Zé Barbosa
A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou a execução de um Plano Diretor específico para a área do 4º Distrito — local historicamente degradado, mas que passa por um período de grande efervescência cultural e econômica. Medida semelhante já havia sido chancelada para o Centro Histórico da Capital, no final do ano passado. Em síntese, ambas as decisões ampliam a atratividade destas áreas através de leis que passam a permitir erguer edifícios mais altos, com maiores índices de aproveitamento ou com menores afastamentos laterais, além de estratégias que visam qualificar as áreas públicas e desburocratizar processos legais.
Nos dois casos, as alterações na legislação buscam uma renovação, requalificação e densificação das regiões. Há, inclusive, incentivos fiscais — como desconto ou isenção de impostos — para empreendedores interessados. Esses movimentos, a propósito, são aguardados há muito tempo pela população. Mas, serão eles, por si só, o bastante para trazer os benefícios esperados?
A mudança de determinada legislação é um primeiro passo importante, mas não é o único. Toda cidade é um organismo vivo, que depende da ativação de seus espaços. E para que isso aconteça, é preciso que os empreendimentos — sejam eles públicos ou privados — tenham uma visão ampla sobre o seu papel naquele local e naquele contexto social e econômico.
A arquitetura tem muito a contribuir para isso. Quando um projeto é colocado em prática, ele deve levar em conta sua permanência no tempo: ele ficará lá por muitos anos, exercendo um papel importante na vida e cultura da sociedade. A responsabilidade por esse legado vai além de quem faz as leis: é de quem projeta. Portanto, é imprescindível refletir sobre muitos aspectos: como será a relação com os moradores ou clientes? E com o fluxo de pedestres? Como poderá trazer uma estética atemporal? De que forma fará uso inteligente dos espaços para garantir a sustentabilidade? Como aproveitar melhor os recursos disponíveis e garantir que os melhores resultados sejam alcançados? O exercício de antever o futuro é inerente a um processo de projeto de qualidade.
Quando tantas novas possibilidades se abrem para áreas como o 4º Distrito e o Centro Histórico — e outras cidades seguem o mesmo caminho —, é desejado que empreendedores, investidores e incorporadores ampliem o diálogo com profissionais da arquitetura e urbanismo. Que busquem ideias e visões antes mesmo da concepção de um projeto. São universos complementares e interdependentes, que podem ser decisivos para o sucesso de um empreendimento. E que, de verdade, podem mudar para melhor as nossas cidades.
Arquiteto e urbanista, sócio-fundador do Lineastudio 
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