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Opinião

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- Publicada em 27 de Abril de 2015 às 00:00

O olhar de Galeano


Jornal do Comércio
Comecei a ler o escritor uruguaio Eduardo Galeano na minha adolescência. Procurava nos pensadores um norte e o fui encontrar no sul do meu país, no Uruguai. Em Montevidéu, nasceu esse escritor de olhar atento à América Latina. Olhar que se mostrou universal. Alguém de lucidez e cultura ímpar. Ora um tanto enfático, ora mais ameno, tal qual a mistura das águas doces e salgadas do Rio da Prata com o mar.
Comecei a ler o escritor uruguaio Eduardo Galeano na minha adolescência. Procurava nos pensadores um norte e o fui encontrar no sul do meu país, no Uruguai. Em Montevidéu, nasceu esse escritor de olhar atento à América Latina. Olhar que se mostrou universal. Alguém de lucidez e cultura ímpar. Ora um tanto enfático, ora mais ameno, tal qual a mistura das águas doces e salgadas do Rio da Prata com o mar.
Fui crescendo e o escritor uruguaio participando do que guardo a bombordo do peito. E em algum ato de transformação, me falando que o olhar deveria ser atualizado; todavia, grifando centenas de vezes à caneta multicor que havia possibilidades. E logo adotei como essencial escorregar no arco-íris, mesmo com medo da altura ou da velocidade, mas nada teria tanta importância do que a trajetória; ao invés de me esmerar na busca pelo tal pote de ouro no final. E a utopia me tocou os pés e se misturou às minhas raízes como areia de praia assobiando um "sim" às possibilidades, as que se fazem com propósito. O escritor clareou nosso cenário recluso, nosso chão, nossa terra, mas reclusa. A realidade estava ali e não era nem é convidativa e festiva. Não existe Carnaval regado a confetes e risos de estopim. Mas lá num cantinho, escondidas nesse burburinho de matizes melancólicos, há possibilidades.
Somos pensantes, portanto formadores, portanto atuantes, portanto... Possíveis dentro das impossibilidades, somos quem carregamos nossas próprias bagagens, as que colhemos em nossa viagem da América Latina ao mundo; e no retorno, podemos passá-las de mão em mão para que nossos caminhos se mesclem aos dos outros. Como Galeano, que veio daquele pequeno país ao sul do nosso e fez seus passos na caminhada de muitos de nós, e ainda acrescentou: "... na história dos homens, cada ato de destruição encontra sua resposta, cedo ou tarde, num ato de criação".
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