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Opinião

Artigo

- Publicada em 03 de Setembro de 2014 às 00:00

Muletas psicológicas


Jornal do Comércio
Fim do século XIX, primeira metade do século XX. Mulheres piedosas iam aos confessores e orientadores espirituais expor desejos reprimidos e curiosidades humanas. Recebiam conselhos, penitências e orientações. Homens, diante das muitas possibilidades que a sociedade machista ofertava, abriam picadas internas em cabarés e prostíbulos, falavam e ouviam prostitutas, que ofertavam sexo e ditavam orientações.
Fim do século XIX, primeira metade do século XX. Mulheres piedosas iam aos confessores e orientadores espirituais expor desejos reprimidos e curiosidades humanas. Recebiam conselhos, penitências e orientações. Homens, diante das muitas possibilidades que a sociedade machista ofertava, abriam picadas internas em cabarés e prostíbulos, falavam e ouviam prostitutas, que ofertavam sexo e ditavam orientações.
Segunda metade do século XX. A psicanálise  arromba as portas  do inconsciente. Dores profundas expostas, preconceitos rolando decepados, o terapeuta colocando ordem nos conflitos internos, mostrando possibilidades, promovendo associações de ideias, revolvendo o que parecia insondável, acendendo luzes e orientando.
Século XXI, a mulher sente vida gerando-se dentro da sua vida. É a terra germinando a eternidade. Sente o deslumbramento pelo que seus olhos ainda não viram, mas pressente no tempo. Ela é a regente do espetáculo vida, mas contrata uma doula para orientá-la. O empresário de sucesso sabe vender bem seu produto e suas ideias, é coerente na sintonia da prática com o discurso, cumpre tarefas, coloca tudo em ordem. Eficiência sempre foi sua marca, mas busca um coach para orientá-lo.
O que acontece com o humano? Por que essa necessidade de muletas psicológicas? Imaturidade? Medo das próprias audácias? Temor da angústia de ser? A década de 1960 pregava o viver e deixar viver. Na hora de colocar a mão na massa e praticar a liberdade pretendida lá está o humano a pedir que o ajudem a fazer o necessário indispensável. Estará a humanidade vivendo ainda a fase da rebeldia assistida, chamada adolescência?
Advogada e professora de Psicologia
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