Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Opinião

EDITORIAL

- Publicada em 01 de Agosto de 2014 às 00:00

Calote da Argentina repercutirá no Brasil


Jornal do Comércio
O problema continua. Nesta sexta-feira, o juiz norte-americano Thomas Griesa vai realizar uma audiência sobre a disputa da Argentina com os credores chamados de “holdouts”. A audiência será no Tribunal Federal de Manhattan, Nova Iorque. O juiz quer saber onde irão as partes a partir de agora. O governo argentino não fez pagamento de juros sobre parte de seus bônus, levando o país a um segundo default em 13 anos. Há anos, ao não pagar a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil viu muitos irem para as ruas gritar “Fora FMI”. Era a tendência, muito humana, de transferir para os outros a responsabilidade pelos nossos problemas. O Fundo queria apenas receber de volta o dinheiro que é de todos os seus estados-membros, entre eles o próprio Brasil. Aprendemos a lição, temos um bom colchão de reservas cambiais, mesmo que a dívida interna e externa assuste, pois passa de R$ 2 trilhões. No entanto, agora, o que assusta mais é a situação da Argentina, que não pagou, ainda.
O problema continua. Nesta sexta-feira, o juiz norte-americano Thomas Griesa vai realizar uma audiência sobre a disputa da Argentina com os credores chamados de “holdouts”. A audiência será no Tribunal Federal de Manhattan, Nova Iorque. O juiz quer saber onde irão as partes a partir de agora. O governo argentino não fez pagamento de juros sobre parte de seus bônus, levando o país a um segundo default em 13 anos. Há anos, ao não pagar a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil viu muitos irem para as ruas gritar “Fora FMI”. Era a tendência, muito humana, de transferir para os outros a responsabilidade pelos nossos problemas. O Fundo queria apenas receber de volta o dinheiro que é de todos os seus estados-membros, entre eles o próprio Brasil. Aprendemos a lição, temos um bom colchão de reservas cambiais, mesmo que a dívida interna e externa assuste, pois passa de R$ 2 trilhões. No entanto, agora, o que assusta mais é a situação da Argentina, que não pagou, ainda.
A renegociação da dívida do país com os credores internacionais deu-se sob a condição de que esses receberiam apenas 30% do dinheiro investido e em um prazo de 30 anos. Parte dos credores não aceitou negociar sob as condições impostas pela Argentina, e entrou na Justiça contra o país. O resultado dessas ações está sendo sentido agora, quando os 7% que não entraram no chamado “canje” estão reivindicando o pagamento do valor total da dívida. Até aí, tudo parece plausível, se não fosse pela existência de uma cláusula chamada de Rights Upon Future Offers (Rufos) que determina que se o país oferece melhores condições de pagamento a um credor, tem que oferecer as mesmas condições a todos os demais. No fim das contas, a Argentina teria que pagar um valor de US$ 120 bilhões, ou quatro vezes as reservas do país, que hoje estão na casa dos US$ 30 bilhões.
Para o mercado financeiro internacional, uma economia dispõe de boa saúde financeira no comércio exterior quando as reservas são equivalentes a quatro meses de importação. Como a Argentina importou US$ 73 bilhões no ano passado, ela teria de dispor de US$ 24 bilhões. A única alternativa, então, seria reduzir a compra dos produtos de outros países, e a Argentina é uma das principais compradoras de produtos manufaturados das empresas brasileiras. Porém, se o país tiver de pagar os credores que travam a batalha atual, as reservas financeiras recuarão para entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões. Por isso, o governo da Argentina deverá ser obrigado a fazer um superávit comercial mais expressivo.
No primeiro semestre, as exportações da Argentina superaram as importações em apenas US$ 3,684 bilhões, uma queda de 28% na comparação com o mesmo período do ano passado. Assim como o Brasil, a Argentina é uma grande exportadora de produtos básicos, como soja e milho, que estão com preços em queda no cenário internacional. A única alternativa, então, seria reduzir a compra dos produtos de outros países, e a Argentina é uma das principais compradoras de produtos manufaturados do Brasil. Sendo assim e precisando importar bem menos, a Argentina vai mirar nos produtos brasileiros, criando novas barreiras. Problema grande.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO