Hipócrates é considerado o “pai da medicina”, apesar de ter desenvolvido tal ciência muito depois de Imhotep, do Egito Antigo. Diz-se que ele fez descrições clínicas pelas quais se pode diagnosticar doenças como malária, papeira, pneumonia e tuberculose. Ele afirmou que o nosso corpo tinha quatro humores, ou seja, sangue, fleugma ou pituíta, bílis amarela e bílis negra, que, consoante às quantidades relativas presentes no corpo, levariam a estados de equilíbrio, a eucrasia, ou à doença, a discrasia. No Brasil, o assunto medicina acabou explosivo, e não se sabe se Hipócrates aviaria ou prescreveria a receita dada pelo governo federal para resolver a falta de médicos nas periferias das grandes cidades ou nos rincões da pátria. Depois do bate-boca sobre a vinda de médicos cubanos, eis que agora há outras medidas anunciadas pelo governo federal.
Os estudantes de medicina de faculdades públicas e privadas que começarem o curso a partir de 2015 terão que passar por um segundo ciclo de formação. Os universitários vão trabalhar dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) para atuar na atenção básica e nos serviços de urgência e emergência, além dos seis da graduação. Receberão bolsa de estudo para fazer o trabalho, e esse período poderá ser usado como residência médica. A questão a ser respondida é se os jovens vão querer sair das cidades em que se criaram, das amizades, de perto das suas famílias, mesmo em troca de polpudos salários. A prefeitura da Capital tem plano de carreira para os médicos e, às vezes, não consegue pessoal para bairros mais distantes.
O programa prevê a criação de 11.447 novas vagas de graduação em medicina até 2017 - atualmente, são 18.212. Para acalmar as entidades médicas, a presidente prometeu que os médicos estrangeiros passarão por um período de avaliação de três semanas em universidades brasileiras. Todos os médicos do programa, brasileiros ou estrangeiros, receberão R$ 10 mil mensais, mais ajuda de custo, dependendo da região de trabalho. Os médicos estrangeiros assinarão contrato de três anos, trabalharão na rede pública e serão supervisionados por universidades. Haverá investimento em equipamentos e Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs). Enfim, temos um Pacto Nacional pela Saúde - Mais Hospitais e Unidades de Saúde, Mais Médicos e Mais Formação. A medida atende à reivindicação da Frente Nacional dos Prefeitos.
Os profissionais que trabalham nos hospitais públicos, que vão acompanhar e orientar esses estudantes, serão remunerados. O Brasil tem 46 hospitais universitários, serão construídos mais cinco até 2018, e reformados e modernizados os hospitais existentes. E todo médico formado no exterior que quiser ter acesso pleno à medicina no Brasil terá de fazer o exame Revalida. Mas Dilma Rousseff e seus ministros da Saúde e da Educação têm que fazer o juramento de Hipócrates, prometendo ensinar aos médicos estrangeiros a arte da medicina brasileira, pelo bem supremo dos enfermos. Se eles, governantes e médicos, cumprirem o juramento de Hipócrates, que lhes sejam dado gozar da vida, bem como honrados para sempre entre a população. Mas, caso se afastem do juramento de Hipócrates, o contrário lhes acontecerá. Então, cuidado, muito cuidado.