A geopolítica do mundo mudou desde o fim da II Guerra Mundial, em 1945. As nações que venceram o terrível conflito, que custou a vida de 60 milhões de pessoas, organizaram vários fóruns. A Organização das Nações Unidas (ONU), que substituiu a Liga das Nações, tornou-se o símbolo das mudanças entre a Europa, os Estados Unidos da América (EUA) e boa parte da Ásia, principalmente o Japão, e a China. Na ONU os vencedores passaram a ter o direito a veto, ou seja, se um dos integrantes do Conselho de Segurança não aceitasse uma resolução, ela não pode ser implementada. No rastro da ONU vieram o Banco Mundial (Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Os EUA foram os grandes vencedores. Hábitos, alimentos, refrigerantes, automóveis e, a partir dos anos de 1950, o “american way of life” passou a dominar o mundo. Os Estados Unidos saíram da II Guerra Mundial como a maior potência política, econômica e militar como jamais fora visto na história da humanidade, salvo a comparação, inevitável, com o Império Romano. Mas se a Grande Depressão que se seguiu à quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 acabou por trazer mudanças socioeconômicas globalizadas, o mesmo voltou a ocorrer. Com a quebra do banco Lemhmon Brothers, em setembro de 2008, uma crise semelhante arrasou a estrutura econômico-financeira de muitas nações. O Brasil, no rastro de medidas ortodoxas na condução do País pelo Banco Central, acabou se saindo melhor do que o previsto. Quando os países ricos não conseguiram evitar o pior e quando os seus conselhos sistemáticos aos mais pobres, Brasil no meio, não resolveram em nada o panorama, eis que a geopolítica mundial começa a mudar. O grupo das 20 maiores economias do planeta (G-20) passou no primeiro teste imposto desde que foi alçado à condição de principal fórum mundial de discussões econômicas, na reunião de Istambul, na Turquia.
“A reunião de Istambul foi vista por muitos como o canto do cisne do G-7, antes que abandone definitivamente seu poder para o agora mais relevante G-20”, afirmou o economista-chefe do banco italiano UniCredit, Marco Annunziata. O G-7 dobrou-se à nova realidade, reforçando a necessidade de um reequilíbrio global, o que significa reduzir o déficit dos Estados Unidos e o superávit de países como a China. O fortalecimento do yuan é exigência dos EUA para corrigir o desequilíbrio comercial. O estrategista-chefe de câmbio do ING, Chris Turner, destaca que o G-20 não fez novas menções sobre a necessidade de estabilidade dos mercados, o que poderia ter refletido preocupações sobre o dólar, nem referência ao fortalecimento do euro. Após a reunião da ONU nota-se preocupação com a volatilidade no câmbio. Acredita-se que o G-20 está se tornando um fórum mais importante que o G-7. O maior poder nos emergentes também pode ser visto no mundo dos esportes, depois que a cidade do Rio de Janeiro desbancou Chicago, Madri e Tóquio e foi escolhida para a Olimpíada de 2016. No entanto, é importante saber se haverá habilidade suficiente em 20 países para administrar as questões globais. A tendência será a redução para algo como 12 a 15 países, onde o Brasil teria assento garantido. Então, o G-7 não terá o seu canto de cisne, mas pode se transformar em fênix. Renascerá das cinzas.