De Bagé
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Bagé (Aciba), Leandro Nocchi Macedo, fez um apelo por políticas públicas que priorizem o desenvolvimento econômico da Região da Campanha, no Sul do Estado. Segundo o dirigente, é preciso corrigir um histórico de negligência institucional com medidas efetivas, a começar por incentivos fiscais que atraiam investimentos e reequilibrem a competitividade econômica dessa parte do Rio Grande do Sul.
"A Região da Campanha é de baixa atração de investimentos e, por isso, precisa de políticas públicas específicas. Falo, sim, em incentivos fiscais, seja por meio da redução de alíquotas ou até mesmo isenções", afirmou Macedo, um dos painelistas do primeiro evento do Mapa Econômico do RS em 2025, realizado em Bagé, em 5 de junho.
Macedo destacou que muito se discute sobre medidas federais, mas que o governo estadual já dispõe de mapeamentos e diagnósticos suficientes para agir — e ainda assim, pouco ou nada foi feito. "Temos os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) que assessoram o governo com estudos e diretrizes. Mas nada sai de concreto."
O dirigente também fez uma provocação, pontuando que o problema vai além da técnica e esbarra na falta de vontade política. "A Metade Sul do Estado concentra apenas 25% da população do Rio Grande do Sul. A Região da Campanha, especificamente, representa 1,9% da população e apenas 1,5% do PIB estadual. É uma região que, infelizmente, não traz uma população que traga retorno imediato nas urnas", observou.
Entre os potenciais apontados por Macedo, a agropecuária ocupa lugar central. Ele destacou que a Região da Campanha é reconhecida pela produção de grãos e carnes de alta qualidade, especialmente a carne ovina — que, segundo ele, é valorizada em grandes centros, mas mal remunerada na ponta da produção.
"Tudo sai da nossa região. Falamos da carne, do arroz, da soja, mas muito pouco se beneficia e se agrega valor aqui", lamentou. Para ele, fomentar a agroindustrialização local é um passo essencial para mudar esse cenário.
Outro eixo estratégico destacado foi a logística. Localizada próxima ao Porto de Rio Grande e cortada por uma linha férrea, a região tem potencial para se consolidar como um hub logístico do interior gaúcho. "Estamos perto de Rio Grande. Poderíamos desembaraçar mercadorias por aqui. Temos centro logístico, estrutura, e deveríamos aproveitar isso", apontou. Segundo Macedo, uma integração mais eficiente com o sistema portuário e aeroportuário estadual poderia destravar o escoamento da produção local.
Macedo também chamou atenção para o papel das universidades da região, como a Urcamp e a Unipampa, na construção de soluções tecnológicas e de inovação. "Temos base para desenvolver startups, produtos e serviços inovadores. A indústria de base tecnológica poderia ter um papel muito maior aqui", sugeriu.
Por fim, Macedo destacou o potencial da Região da Campanha para a geração de energia renovável. "Temos forte incidência solar e pontos estratégicos para a energia eólica. Isso poderia atrair investimentos, especialmente da indústria que fabrica maquinário e equipamentos para esse setor", afirmou. Segundo o dirigente, a combinação entre vocações produtivas, logística, energia limpa, turismo e inovação tecnológica pode ser a base de um plano consistente de desenvolvimento regional.