Há cerca de 20 anos, o plantio em Encruzilhada do Sul começou com o pinus, mas hoje, também é local de eucalipto e acácia negra. São justamente do setor madeireiro as maiores indústrias do município. É o caso da Tramontina Madeiras, que produz, desde 1990, móveis planejados em Encruzilhada. No ano passado, a empresa teve aprovado pelo Fundopem um projeto de pelo menos R$ 21,2 milhões para expansão da fábrica, ainda sem divulgação mais detalhada do projeto pela empresa, que poderá, inclusive, passar a produzir celulose. A empresa R&I Pellets Wood, do Grupo Incobio, investe R$ 40 milhões em uma planta industrial no município para produzir madeira serrada, pelletes e toras a partir de pinus.
Encruzilhada é também o principal foco na previsão de investimentos, na ordem de até R$ 60 milhões, da Tanac para aumentar a área plantada com acácia negra. A empresa, que produz o tanino a partir da casca da planta, além de pellets e cavacos com as toras, tem hoje uma área plantada de 38 mil hectares, o equivalente a 70% do plantio desta espécie no Estado.
De acordo com o diretor-presidente da Tanac, João Carlos Soares, a meta com este investimento é ampliar em até 5 mil hectares próprios e outros 2 mil com fomento a pequenos produtores, especialmente entre os municípios de Cristal, Canguçu, Piratini, Pinheiro Machado e Bagé, além de Encruzilhada do Sul. "A revisão dos padrões para licenciamentos nos anima muito a mantermos um ritmo crescente de plantio. Somos os maiores produtores de acácia negra no mundo", explica Soares.
Além do plantio, a empresa tem em Rio Grande um ponto chave da sua operação. No ano passado, investiu R$ 45 milhões na modernização de equipamentos para ampliar a produção de cavacos para exportação a partir do porto, vizinho à fábrica. E neste ano, avança o projeto para também modernizar a produção de pellets. Ambos com vistas ao mercado asiático. A empresa chegará a até 800 mil toneladas de produção anual entre os dois produtos.
"No Rio Grande do Sul existem regras que não temos em nenhum outro lugar. Temos uma potencialidade gigante de áreas, condições logísticas interessantes, que devem aumentar ainda mais com a hidrovia do Mercosul, integrando o mercado uruguaio, mas hoje, os grandes fundos ainda se assustam ao olhar para o Estado. Se destravarmos todos os pontos da legislação, aí sim, podemos considerar que mudaremos de patamar", diz o presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Daniel Chies.