De Garibaldi
Em linha com os princípios que a nortearam desde a fundação, a Malharia Anselmi, em plena crise dA guerra comercial com o tarifaço dos Estados Unidos a produtos brasileiros, confirma o projeto da segunda unidade fabril em Farroupilha, município que a sedia há 45 anos.
Ao lado da fábrica da Tramontina, no trevo de acesso à cidade, na rodovia RS-122, serão edificados 33 mil metros quadrados. A informação foi revelada pela fundadora e CEO da empresa, Maria Anselmi, durante ao terceiro evento de 2025 do Mapa Econômico do RS, realizado em Garibaldi, na quinta-feira, 7 de agosto.
A executiva foi uma das painelistas do encontro, que debateu desafios e oportunidades ao desenvolvimento econômico das Regiões Serra, Campos de Cima da Serra, Hortênsias, Vales do Paranhana e do Caí.
A CEO, que administra a empresa em conjunto com os três filhos, assinalou que, ao longo dos mais de 40 anos de atividades, enfrentou muitas crises, destacando um momento crucial na pandemia da Covid-19, quando foi acometida pela falta de matéria-prima, que tinha boa parte dependente de importações, para a produção de malhas. "Ficamos apavorados com a falta do insumo. Resolvemos, então, montar uma fiação. Hoje produzimos o fio e a malha", destacou.
A venda é pulverizada por todos os canais possíveis, de forma a atender diferentes perfis de mercado. "Atuamos no consumidor final, com multimarcas, e-commerce, por pedido e pronta-entrega. Temos 21 lojas e mais três serão inauguradas nos próximos três meses, com presença em praticamente todos os estados", destacou.
A empresária frisou que jamais reclamou ou culpou alguém pelas dificuldades que precisou superar, mas admitiu que o momento atual é bastante difícil, com instabilidade política. "Brasília sempre teve problemas, jamais ganhamos algo do governo, e isto nos entristece, especialmente agora com esta guerra comercial. Mesmo com esta bagunça, mantemos o propósito de crescer, de melhorar o produto, de investir e gerar empregos. Cuidar e valorizar as pessoas está no topo dos propósitos da empresa", reforçou.
Comentou que o jovem dos dias de hoje não trabalha só por dinheiro, mas quer cuidados, o que leva a empresa a ter uma preocupação especial com o bem-estar dos colaboradores. Reconheceu, no entanto, que existe muita individualidade nos dias de hoje, o que se traduz em falta de empatia.
Quando perguntada sobre quando ocorreu a virada da malharia, responde que isto não ocorreu. O que houve, segundo ela, foi uma caminhada permanente pela busca de novos produtos, preços justos e atendimento exemplar aos clientes, acompanhado por contínuos investimentos em tecnologias e pesquisas para qualificar e manter sempre atualizado o portfólio. "Hoje somos uma referência no mercado nacional, fruto de muito trabalho, de ter em mente de fazer sempre o melhor, com uma conexão muito forte com as pessoas", ressaltou.
"Não há crise que resista a uma surra de trabalho"
Maria Anselmi recordou que nasceu e se criou no interior, ajudando o pai nas atividades agrícolas. Definiu esta fase da vida como um aprendizado essencial para tornar-se o que é hoje. "Na condição de empresária, me desafio continuamente em busca de novidades, pois quero ser protagonista. Foi assim que construímos a Anselmi", observou. Para ela, não há crise que resista a uma "surra de trabalho".
Lembrou que tinha o hábito de levar os filhos nas viagens ao exterior para que compreendessem como o mercado se movimenta. Destacou que nas feiras em outros países costumava comparar os preços do mercado nacional com os praticados por marcas chinesas, sempre muito menores. "Angustiada, questionava até quando conseguiria vender os produtos. Com inovação, tecnologia, acompanhando a moda do exterior e investindo no capital humano conseguimos nos manter, crescer e virar referência", assinalou. Para ela, uma empresa precisa, necessariamente, se desafiar constantemente para evoluir e se manter no mercado.