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Mapa Econômico do RS

- Publicada em 30 de Outubro de 2023 às 18:50

Vale do Paranhana concentra criação do setor calçadista

Centro de Pesquisa em Parobé tem laboratórios para o desenvolvimento de tênis e reúne 700 profissionais

Centro de Pesquisa em Parobé tem laboratórios para o desenvolvimento de tênis e reúne 700 profissionais


VULCABRAS/DIVULGAÇÃO/JC
A produção de calçados no Vale do Paranhana e na Serra há muito não é mais aquele grande galpão limitado à fabricação em série de componentes ou pares de calçados. O papel deste, que é um dos principais polos calçadistas do País, cada vez mais é o de criação e desenvolvimento.
Foi a partir do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Vulcabras, em Parobé, por exemplo, que a criação do primeiro tênis de corrida com o uso do grafeno começou a tomar forma. Foram 18 meses de trabalho em parceria com o UCS Graphene e outros 40 dias de desenvolvimento do protótipo inicial do calçado.
"Na indústria de calçados esportivos, o desenvolvimento de novas tecnologias é uma parte fundamental do processo industrial. No caso do Olympikus Corre Grafeno, precisávamos desenvolver um material que garantisse o efeito trampolim, absorvendo o impacto da passada e transformando em impulsão, com o menor gasto de energia possível. A busca de respostas aos desafios da produção é constante no centro de pesquisa e desenvolvimento", diz o CEO da Vulcabras, Pedro Bartelle.
Desde que o novo modelo foi lançado, em 2022, já foram 100 pódios garantidos por corredores de elite no País. Conquistas que, como explica Bartelle, envolvem centenas de pessoas. Só para desenvolver um modelo de tênis, são pelo menos 120 profissionais no processo que mais envolve tecnologia no mundo da indústria calçadista.
O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Parobé é o maior da América Latina. Lá a empresa tem 700 funcionários entre laboratórios de materiais, de realidade virtual, de usinagem para matrizes e de impressão 3D de solados, dedicando R$ 600 milhões nos últimos cinco anos em investimentos em tecnologia e inovação. Anualmente, mais de 800 modelos são gerados para a indústria. "Em Parobé, garantimos não só o desenvolvimento de tecnologia para produtos brasileiros, mas também a exportação de conhecimento para EUA e Japão", aponta o executivo.
Além da marca própria Olympikus, a empresa fabrica para Under Armour e Mizuno - esta última com 100% da coleção de 2022 no Brasil desenvolvida pela Vulcabras - em plantas no Ceará e na Bahia. Em 2022, com crescimento acima de 30%, teve faturamento de R$ 2,9 bilhões, um dos melhores resultados do setor no Brasil. 

Pedro Bartelle afirma que conhecimentos específicos da região auxiliam na alta produtividade

Pedro Bartelle afirma que conhecimentos específicos da região auxiliam na alta produtividade


TÂNIA MEINERZ/JC
"A cultura centenária, a estrutura industrial e a qualidade principalmente na disseminação de conhecimento e tecnologia dão ao Estado um know-how no setor que é diferenciado em relação ao Brasil. É algo que nos fez aprender muito e garantir, hoje, inclusive maior produtividade, com qualidade, do que os asiáticos", diz Bartelle.

Na origem da Vulcabras, ainda em Parobé, havia a produção dos calçados Azaléia. A linha de sapatos femininos atualmente é licenciada para a Grendene, outra gigante do ramo calçadista e líder nacional em exportações. A empresa, fundada em 1971, em Farroupilha, é da mesma família que tem o maior volume de ações da própria Vulcabras. A Grendene, que tem a Melissa como principal linha, expandiu a produção para o Nordeste, mas mantém em Farroupilha - onde está a origem da família - parte da produção e administração da empresa.

Conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o Vale do Paranhana e a Serra concentram 616 empresas do setor, com 30 mil pessoas empregadas. Em 2022, dali saíram 37,1 milhões de pares de calçados, com US$ 186,5 milhões em exportações.

Tradição é o diferencial da fabricação dos produtos elaborados em Igrejinha e Parobé

Sérgio Bocayuva comemora que produção da Usaflex é feita inteiramente no Rio Grande do Sul

Sérgio Bocayuva comemora que produção da Usaflex é feita inteiramente no Rio Grande do Sul


USAFLEX/DIVULGAÇÃO/JC
Entre janeiro e setembro deste ano, Parobé foi o 68º município gaúcho com maior volume de exportações, 88% delas foram de calçados. Já Igrejinha, que é o 31º maior exportador, teve os calçados como 75% de todo o material vendido ao exterior. É nestes dois municípios que a Usaflex produz e segue expandindo. São investidos R$ 72 milhões na ampliação da fábrica, que aumentará a capacidade produtiva em 6 mil pares de calçados por dia, chegando a 34 mil, em Igrejinha.
"Hoje a nossa produção é 100% gaúcha. Temos aqui um diferencial muito importante com a especialização da mão de obra, com muita qualidade no desenvolvimento e no acabamento dos produtos. Isso nos dá muita vantagem em relação ao que é produzido em outras regiões", aponta o executivo da empresa, Sérgio Bocayuva.
É este diferencial que tem garantido a empresas como a Bibi valor agregado à sua produção. Neste mês de outubro, pela terceira vez, a empresa de Parobé recebeu a premiação máxima de Origem Sustentável à sua cadeia produtiva.
"Somos a primeira empresa a realizar estudos científicos com o objetivo de criar o calçado ideal para crianças e sempre buscamos ser uma empresa que trabalha com foco em questões sustentáveis", diz a presidente da Bibi, Andrea Kohlkrausch.
Entre os destaques da calçadista está a utilização de matéria-prima 100% atóxica, alinhamento das questões de sustentabilidade com fornecedores e o não descarte das sobras da indústria.
"O design, o maquinário e principalmente a qualidade da mão de obra são os diferenciais da produção gaúcha de calçados. Nascemos na beira do Rio Paranhana, há 47 anos, em um galpão de madeira, em Igrejinha. Mesmo com apenas oito empregados e uma máquina de costura, já tínhamos a nossa mão de obra de qualidade e, com o tempo, agregamos os nossos demais diferenciais", diz o presidente da Calçados Beira Rio, Roberto Argenta.
A empresa, listada entre as maiores do Rio Grande do Sul pela Revista Amanhã, faturou R$ 5 bilhões no ano passado, e projeta chegar a R$ 5,5 bilhões em 2023. Somente em Igrejinha, são 800 funcionários. Ao todo, a Beira Rio emprega 10 mil funcionários e outros 15 mil terceirizados.
"Nós temos investido muito na qualificação dos nossos funcionários a partir de Igrejinha, e levado essa qualificação para outras regiões do Estado", aponta o empresário, que neste ano investe R$ 60 milhões em duas novas fábricas em Candelária, no Centro do Estado.
Segundo Argenta, a expansão tem como objetivo aumentar o potencial exportador do calçado gaúcho. Hoje, a Calçados Beira Rio destina 90% da sua produção ao mercado nacional, mas exporta para até 100 países.
 

Municípios de destaque do setor calçadista

• Parobé
• Igrejinha
• Três Coroas
• Farroupilha
• Nova Petrópolis