A produção de laranjas para suco entre as regiões Norte e do Rio da Várzea está em plena expansão e em busca de abertura de novas oportunidades no mercado. Enquanto o valor negociado da produção, que já havia dobrado em 2024 em relação ao ano anterior, sofreu uma baixa neste ano, o volume da produção aumentou e tende a ser crescente nos próximos anos. Com apenas duas indústrias fabricantes de sucos na região, os produtores sonham em convencer o mercado paulista e do Exterior a aderir à laranja gaúcha.
"Hoje, 80% do suco de laranja do mundo sai de São Paulo, mas lá o cultivo é em larga escala. Aqui, o cultivo é sustentável, familiar. E isso dá diferença na cor e no sabor do suco. Nosso problema acaba sendo a logística para chegar a outros mercados com o nosso produto in natura. Com a queda do preço da laranja a menos da metade do ano passado pelo quilo, e o tarifaço, que baixou ainda mais a demanda externa, esse objetivo fica um pouco mais distante", diz o presidente da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Liberato Salzano (Coopsalzano), Leandro Rubini.
O município tinha, até 2023, a maior safra de laranjas do Rio Grande do Sul, que, em 2024, acabou superada por pouco pelo valor da safra, conforme o IBGE, de Itatiba do Sul. Em Liberato Salzano, são mil hectares plantados com a fruta e, se forem considerados os municípios vizinhos, são quatro mil hectares com pomares, mobilizando oito mil famílias no cultivo das laranjas para suco.
Neste ano, a expectativa é colher, em Liberato Salzano, 23,4 mil toneladas de laranjas e bergamotas. O volume é 56% maior do que no ano passado. De acordo com a Emater, o aumento é resultado de uma série de investimentos acumulados dos agricultores nos últimos anos, mesmo enfrentando períodos de estiagem. Segundo a entidade, a adubação e o trato dos pomares fizeram a diferença, e o dirigente da cooperativa acrescenta, também pensando na oportunidade de negócio que se apresenta no futuro.
"Mais de 50% dos nossos pomares na região são novos, o que sinaliza para um bom potencial de frutas no futuro", diz Rubini.
A cultura de frutas cítricas na região começou a se consolidar nos anos 1980 e, no começo dos anos 2000, recebeu incentivos para a ampliação de pomares. A Coopsalzano concentra 90 das 280 famílias produtoras de Liberato Salzano, e atua em 11 municípios da região, com mais de 200 famílias.
A maior parte da produção é destinada à fabricante de sucos Isau, que opera também em Liberato Salzano. Uma pequena parte é processada na pequena agroindústria da cooperativa e também há destinação à alimentação escolar da região. Também no Norte, foi instalada no ano passado a Citro Sul, no município de Centenário, contando com investimento de empresários paulistas. No Estado ainda há outras quatro indústrias de sucos, nenhuma outra na região.
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Números da produção
Maiores produtores de laranjas (valor da safra):
- Itatiba do Sul: R$ 32,09 milhões
- Liberato Salzano: R$ 30,3 milhões
- Planalto: R$ 24,9 milhões
- Alpestre: R$ 23,8 milhões
- Aratiba: R$ 18,4 milhões
(FONTE: IBGE, 2023)
Indústrias de suco de laranja:
- Isau (Liberato Salzano)
- Citro Sul (Centenário)