Um termômetro do crescimento econômico exponencial da região é, sem dúvida, a demanda por energia elétrica. A cooperativa Creral, que tem sede em Erechim e distribui energia neste eixo norte do Estado, aponta alta de 12,72% no comparativo entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período de 2024 no consumo de energia, que deve resultar, de acordo com o presidente da cooperativa, João Alderi de Paulo, em crescimento de mais de 9% no faturamento deste ano.
Algo que também tem norteado os investimentos da Creral na região. Neste ano, a cooperativa entregou a sua primeira subestação, em Entre Rios do Sul, com potência de 18 MW, e iniciou a construção de uma segunda, em Sananduva. Só no primeiro semestre deste ano, foram construídos 28 quilômetros em novas redes trifásicas. Entre estes projetos, a Creral investe metade dos R$ 100 milhões aportados este ano no Rio Grande do Sul.
"Em torno de 60% dos nossos oito mil associados são do meio rural, no entanto, é a classe industrial que tem puxado o nosso crescimento na venda de energia. A reestruturação da nossa rede é essencial para darmos o suporte e a segurança necessários ao momento de crescimento que a nossa região vive. Todos os meses temos recebido pedidos de aumento de carga para empresas já instaladas ou que estão vindo para a região", diz o dirigente.
Na Região Hidrográfica do Rio Uruguai, onde atua a cooperativa, que também é geradora de energia, está concentrada 55% da potência hídrica total do Rio Grande do Sul, e 59% da potência já outorgada. É justamente na região Norte onde está o maior potencial já outorgado, com 1,02 GW - 21% dos 4,87 GW outorgados no Estado. A região Nordeste é a terceira neste quesito, com 629 MW, depois, vem o Médio Alto Uruguai, com 500 MW.
A cooperativa, com cinco hidrelétricas ativas, três delas nesta macrorregião - Pinhal Grande, no Alto Jacuí, Nonoai, no Médio Alto Uruguai, e em Maximiliano de Almeida, na região da Produção - e outras duas em Santa Catarina e na Serra. E é para a área da Serra que a Creral expande a sua geração de energia hídrica, com o projeto da UHE Foz do Rio da Prata, no Rio das Antas, além de projetos em Santa Catarina. Isso porque lá é onde estão mapeados os principais potenciais para uso futuro ainda não explorado.
De acordo com José Alderi de Paulo, hoje a cooperativa tem 75 MW de potência instalada entre fontes hídricas, solares e de biomassa. E no Rio Grande do Sul, o acréscimo nos últimos 12 meses foi em 12 usinas solares, uma delas em Erechim. O Norte/Noroeste gaúcho é considerado a segunda região com maior potencial de geração de energia solar por grandes usinas, atrás somente da Campanha e Fronteira Oeste.
Conforme o Boletim Energético do RS de 2024, o Estado tem potência total de 11,98 GW, sendo 38,95% hídrica e 26,22% solar - o terceiro estado, em 2023, com maior geração - e apenas 3,42% da energia gerada a partir de biomassa, quase cinco vezes menos do que por fontes fósseis, por exemplo. Neste aspecto, a macrorregião tem alto potencial na transição energética limpa para o Rio Grande do Sul. Ela concentra o maior potencial para a geração de energia por biomassa, como resultado direto da concentração de criações de suínos.
Geração de energia no RS
- 11,98 GW gerados
- 38,95% hídrico
- 26,22% solar
- 16,13% eólico
- 15,28% fóssil
- 3,42% biomassa
Potencial hidrelétrico do RS:
- 4,87 GW outorgados (4,67 GW em operação)
- Norte: 1,02 GW outorgados (1º do RS)
- Nordeste: 639 MW (3º do RS)
- Médio Alto Uruguai 500 MW (5º do RS)
Potencial por municípios:
- Aratiba 725 MW outorgados
- Maximiliano de Almeida 571,1 MW outorgados
- Alpestre 427,5 MW outorgados
- Pinhal da Serra 380,9 MW outorgados
- Salto do Jacuí 338 MW outorgados
(FONTES: Boletim Energético do RS, 2024; Atlas Hidroenergético do RS)