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Publicada em 23 de Outubro de 2025 às 17:52

Crescimento populacional da Região Norte do RS é mais acelerado do que a média gaúcha

Cidades-polo, como Erechim, no Corede Norte, concentram o aumento demográfico

Cidades-polo, como Erechim, no Corede Norte, concentram o aumento demográfico

Prefeitura de Erechim/Divulgação/JC
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Gabrieli Silva
Gabrieli Silva Repórter
* Com Ana Stobbe
* Com Ana Stobbe
Enquanto o Rio Grande do Sul cresce registra crescimento tímido em sua população, a uma taxa de 1,85% ao comparar o Censo de 2022 com o de 2010, a Macrorregião Norte amplia sua demografia de forma mais acelerada. No mesmo período, os 11 Coredes (Conselhos Regionais de Desenvolvimento) da Macrorregião Norte, somados, aumentaram em 2,21% o número de habitantes
É um número representativo, considerando que 289 das 497 cidades gaúchas perderam população entre 2010 e 2022.
A alta de 2,21% na população coloca a Macrorregião Norte como uma das áreas mais estáveis do Estado do ponto de vista demográfico. Afinal, mesmo com perdas em municípios pequenos, há crescimento em cidades-polo e retenção populacional acima da média gaúcha.
"Essa parte do Estado tem uma renda média mais alta e características que a aproximam de Santa Catarina. Há predominância de pequenas propriedades rurais, com alta intensidade de mão de obra, assim como um maior grau de industrialização", pontua o diretor adjunto do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão, Pedro Zuanazzi.
Assim, a estrutura econômica diversificada, combinando agricultura, indústria e serviços, tem permitido o dinamismo populacional regional. E essa tendência se mantém apesar da desaceleração demográfica observada no nível estadual. Entretanto, é possível observar que, enquanto municípios médios e grandes da região crescem, os pequenos — que são maioria — estão reduzindo ainda mais seus tamanhos.
"Não há motivo para imaginar que a tendência (de crescimento da Região Norte) dos últimos anos vá mudar. Mas é importante fazer distinções. É uma área economicamente pujante, porém abriga muitos municípios pequenos, tanto em área quanto em número de habitantes. Isso faz com que, no conjunto, a maior parte deles não apresente crescimento populacional, mesmo com boa renda média. Os pequenos municípios tendem a perder população, pois muitos moradores buscam os centros urbanos e médios centros regionais", acrescenta Zuanazzi.
É por isso que o crescimento populacional dessa porção do Estado está concentrado em cidades-polo, tendo destaque municípios como Passo Fundo (+11,5%), Erechim (+9,9%), Santa Rosa (+31,3%), Frederico Westphalen (+13,1%) e Ijuí (+7,4%). Ao todo, apenas 69 dos 221 municípios da Macrorregião  Norte aumentaram o número de habitantes. Esse cenário segue uma tendência estadual, que relaciona força econômica, especialmente nos setores industrial e de serviços, e atratividade de moradores.
Na Região Norte, há uma intensa industrialização, especialmente nos segmentos metal-mecânico, alimentício e tecnológico. As cidades que mais cresceram, abrigam, ainda, universidades regionais, hospitais de referência e redes de comércio e transporte que atraem moradores das cidades menores.
"O crescimento populacional e econômico andam juntos na região. Passo Fundo, por exemplo, cresceu mais de 20% entre 2000 e 2024 nas projeções do IBGE, impulsionada pelo setor de serviços e pela sua posição como polo logístico e educacional", pontua Zuanazzi.
A presença de universidades, nesse contexto, tem papel decisivo na retenção de jovens e na qualificação da mão de obra, o que fortalece o ambiente de inovação. "É uma região de alto potencial, tanto econômico quanto social. O dinamismo se reflete também na saúde e na educação", afirma o pesquisador.
O mesmo mapa que mostra polos em expansão também revela perdas expressivas nos pequenos municípios rurais do Norte. Cruzaltense (-23,6%), Itatiba do Sul (-23%), Coronel Bicaco (-20,7%) e Charrua (-20,2%) estão entre os que mais perderam população no período. A explicação, segundo o especialista do DEE, passa pela redução de postos agrícolas, envelhecimento da população e êxodo jovem em busca de trabalho e estudo nos centros urbanos próximos.
Dentro da macrorregião, há uma clara polarização demográfica: enquanto cidades médias de perfil industrial e universitário crescem, municípios agrícolas encolhem. Assim, o Corede Produção (que abrange Passo Fundo) registrou aumento de 22,7% entre 2000 e 2024, segundo projeções do IBGE, enquanto o Corede Norte (que contém Erechim) cresceu 1,3% no mesmo período.
Essa concentração populacional cria microrregiões de influência e aumenta a pressão sobre a infraestrutura urbana com impactos diretos na saúde, na habitação e no transporte. E, é justamente nesse aspecto, que os dados censitários atuam. "Qualquer política pública precisa de base demográfica. Seja para enviar vacinas, investir em escolas ou planejar estradas, é fundamental saber onde as pessoas vivem e para onde estão indo", afirma Zuanazzi.

Principais cidades com crescimento populacional

(Censos de 2010–2022)
  • Santa Rosa (+31,3%)
  • Tapejara (+27,5%)
  • Marau (+24%)
  • Frederico Westphalen (+13,1%)
  • Passo Fundo (+11,5%)
  • Erechim (+9,9%)
  • Ijuí (+7,4%)
Fonte: IBGE

Municípios com maiores perdas populacionais

(Censos 2010-2022)
  • Cruzaltense (-23,6%)
  • Itatiba do Sul (-23%)
  • Coronel Bicaco (-20,7%)
  • Porto Lucena (-19,5%)
  • Maximiliano de Almeida (-14,5%)
Fonte: IBGE

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