São mais de 100 diferentes rótulos e 8 mil clientes no varejo em todo o Brasil comercializando diretamente a marca Naturale ou empacotando os produtos à base de aveia produzidos na empresa de Lagoa Vermelha, no Nordeste do Estado. Hoje 75% do que é produzido pela empresa que teve origem na propriedade rural da família é de marca própria. A produção de aveia é um dos principais exemplos da verticalização completa da produção na macrorregião retratada neste capítulo do Mapa Econômico.
"Hoje somos o segundo maior da Região Sul e o quinto do País na produção de granolas e aveias. Começamos com os flocos de aveia, diversificamos a linha de produtos para termos acesso às grandes redes varejistas, e aí evoluímos para as barras de cereais, granolas, nuts e, mais recentemente, as barras de proteína, mas sempre tendo como produto básico a aveia, inclusive na barra de proteína", explica o diretor comercial da empresa, Cristiano Dolzan.
Naturale é a segunda maior da Região Sul e a quinta do País na produção de granolas e aveias
Naturale/Divulgação/JC
A ideia de verticalização no ciclo produtivo da aveia começa no campo. A produção rural da família Dolzan- o pai de Cristiano criou a empresa e a produção vem desde o avô - já quase não representa nada na quantidade industrializada de aveia. A Naturale criou uma rede com mais de 100 produtores rurais parceiros, que vão desde as Missões até a região Nordeste do Estado. De acordo com o diretor, no momento em que um produtor assina o contrato com a Naturale, inicia todo o acompanhamento técnico por parte da empresa no cultivo, seguindo um protocolo que exige o uso mínimo de defensivos agrícolas.
"Nossa trajetória com a aveia iniciou nos anos 1980, quando, em Lagoa Vermelha, havia um cenário muito propício para os cereais de inverno. A partir da minha formação em Agronomia, na UPF, passamos a experimentar a aveia. O cultivo deu certo, mas logo chegamos à conclusão de que era preciso agregar valor, e aí iniciamos a primeira linha de produção industrial na nossa propriedade", conta Dolzan.
A fábrica ocupa 10 mil metros quadrados, e há ainda outros 5 mil metros quadrados dedicados ao armazenamento de grãos. Com 230 funcionários, a empresa agora investe R$ 10 milhões na ampliação das linhas de aveias, nuts e barras de proteína. A expectativa é ampliar em 25% a atual capacidade de produção de 40 mil toneladas de aveia processada.
Fase considerada fundamental nessa verticalização, é o desenvolvimento de produtos. Segundo Cristiano Dolzan, a criação de um novo produto costuma levar mais de um ano.
"Temos um time de nutricionistas, engenheiros e empresas, além de uma parceria para pesquisas com a UFRGS para novos cultivares que garantam maior produtividade, maior qualidade industrial e maior rentabilidade. É um mercado em crescimento, mas economicamente tem sido um ano desafiador para o consumidor", avalia o diretor.
Segundo ele, o potencial desta produção pode ser multiplicado no Estado caso haja maior estímulo às safras de inverno. A produção de aveia da região tem Santa Bárbara do Sul, no Alto Jacuí, com a maior área cultivada.