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Indústria

- Publicada em 19 de Setembro de 2023 às 00:25

Cultivo da soja e máquinas agrícolas têm protagonismo na Região Norte do RS

Produção de grãos teve papel decisivo na mudança da economia, que agregou a indústria de máquinas

Produção de grãos teve papel decisivo na mudança da economia, que agregou a indústria de máquinas


AGCO/DIVULGAÇÃO/JC
O berço do cultivo da soja no Rio Grande do Sul está no Noroeste do Estado. E Santa Rosa representa bem o papel que o grão teve na transformação de toda uma região.

• PARA FOLHEAR: Leia a edição completa do Mapa Econômico do RS na Região Norte (acesso liberado)

Porque desde cedo foi uma cultura que não se concentrou no município. Entre o Norte, Noroeste e Missões, por exemplo, Palmeira das Missões teve a maior área plantada com o grão em 2021 - 5ª no Estado - e a maior quantidade de soja produzida, 2ª no Estado.
Ibiraiaras teve o cultivo mais eficiente entre essas regiões no mesmo ano, mas ocupa somente a 10ª posição entre os municípios gaúchos.
Por isso, a alcunha de "berço da soja" de Santa Rosa há algumas décadas contempla também, ou com maior importância, a produção de máquinas agrícolas como mais um produto deste berço. Desde que o Moinho Santa Rosa produziu a primeira colheitadeira ali, em 1953, os olhos do agro voltaram-se para o que acontecia no Noroeste gaúcho. Em 1975, passaram a ser fabricadas na mesma unidade as colheitadeiras Massey Ferguson e, na década de 1990, a planta industrial passou a fazer parte do Grupo AGCO.
"Essa evolução proporcionou um incentivo tecnológico para a produção gaúcha, especialmente em Santa Rosa, que permite hoje a presença das máquinas fabricadas no Brasil em diversos lugares do mundo", diz o diretor de Operações da AGCO Santa Rosa, Rafael Ferraz.
Segundo Ferraz, esse foi um movimento que reverberou no município e na região, com as instalações de diversos fornecedores de componentes e peças nas proximidades da fábrica. A AGCO contabiliza 500 fornecedores, metade deles é nacional.
O município é o 21º⁰ no ranking das exportações gaúchas em 2023. E 20% do que Santa Rosa vendeu no exterior foram máquinas agrícolas. Com o quarto maior PIB das regiões retratadas neste capítulo do Mapa Econômico do RS, mesmo sendo o berço da soja no território gaúcho, Santa Rosa não figura entre os 10 principais valores no agro. É o sexto município em Valor Adicionado Bruto (VAB) industrial. Hoje, saem da planta industrial da AGCO as colheitadeiras e plataformas da Massey, Fendt, Valtra e Challenger. Além de componentes que formarão os tratores fabricados pela AGCO em Canoas, na Região Metropolitana, e em Ibirubá, no Alto Jacuí. Cerca de 90% da produção local é destinada ao mercado interno e os outros 10% principalmente para a América do Sul e a África.
A empresa está em meio à execução do aporte de R$ 340 milhões entre suas fábricas no País. Em Santa Rosa, é desenvolvido o projeto que garantirá ainda mais importância à produção no município em relação às demais operações da AGCO no Estado e no País. "A unidade de Santa Rosa se destaca pelo pioneirismo. Foi a primeira fábrica da AGCO na América do Sul a implantar o sistema de gerenciamento de materiais que garante o rastreamento de todos os componentes recebidos e fabricados. Temos investido neste ano também na melhoria do centro interno de armazenagem e na ampliação da tecnologia na fabricação das colheitadeiras, cada vez mais programadas para entender o que o agricultor precisa", explica o diretor.

Indústria utiliza tecnologia na produção e qualifica o mercado de trabalho local

Giovani Baggio, da Fiergs, diz que setor precisa inovar para se manter forte

Giovani Baggio, da Fiergs, diz que setor precisa inovar para se manter forte


/ANA TERRA FIRMINO/JC
O resultado dessa movimentação, que não é de hoje, é uma maior qualidade na mão de obra local, como avalia o economista-chefe da Fiergs, Giovani Baggio. "São indústrias muito tecnológicas que, para se manterem fortes no mercado, são obrigadas a inovar. Esse movimento muda o mercado de trabalho local e dos arredores. Gera empregos de maior qualidade e, por consequência, com maior arrecadação para esses municípios", explica Baggio.
Para que se tenha uma ideia, a fábrica da AGCO em Santa Rosa contabiliza mil funcionários - 150 contratados a partir do investimento deste ano - e 60% deles residem no município. Eis o diferencial: 95% dos colaboradores têm curso superior, e desses, 28% têm pós-graduação ou mestrado.
"Temos aqui a nossa Escola de Manufatura que, de janeiro a agosto, completou 10 mil horas de treinamentos. A companhia ainda oferece treinamentos gratuitos em parceria com o Senai, por exemplo", aponta Ferraz.
Foi justamente em busca deste know-how e, principalmente, do capital humano — em volume e em qualificação —, que a Stara, reconhecida pela alta tecnologia em máquinas de precisão, expandiu suas atividades a partir de Não-Me-Toque, no Alto Jacuí, para Santa Rosa.
"Foi uma oportunidade muito importante para a empresa. Tínhamos um fornecedor de componentes, na cidade, e desde 2013 compramos essa fábrica. Agora, inauguramos a estrutura própria, com planos de investimentos em Santa Rosa. Em Não-Me-Toque, começamos a ter maior dificuldade de atender ao número de mão-de-obra qualificada necessário para a nossa produção. Em Santa Rosa, essa mão-de-obra já preparada está disponível", diz o diretor presidente da empresa, Átila Stapelbroek Trennepohl.
Com investimentos de R$ 220 milhões, a Stara inaugurou no começo do ano a fábrica com 26 mil metros quadrados, e está em execução a primeira ampliação, que chegará a 37 mil metros quadrados. É uma unidade projetada para ter mil funcionários.