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Publicada em 07 de Novembro de 2025 às 18:26

Endividamento é o principal desafio do Rio Grande do Sul, avalia Márcio Port

Presidente da Central Sicredi Sul Sudeste, Márcio Port citou situação de produtores rurais em um contexto de taxa de juros elevada

Presidente da Central Sicredi Sul Sudeste, Márcio Port citou situação de produtores rurais em um contexto de taxa de juros elevada

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Marcus Meneghetti
O presidente da Central Sicredi Sul-Sudeste, Márcio Port, manifestou preocupação com o endividamento crescente dos cidadãos gaúchos. Port citou especialmente as dívidas de produtores rurais gaúchos causadas pelas sucessivas quebras de safra, decorrentes de eventos climáticos extremos nos últimos anos.
O presidente da Central Sicredi Sul-Sudeste, Márcio Port, manifestou preocupação com o endividamento crescente dos cidadãos gaúchos. Port citou especialmente as dívidas de produtores rurais gaúchos causadas pelas sucessivas quebras de safra, decorrentes de eventos climáticos extremos nos últimos anos.
O presidente do Sicredi foi um dos painelistas do evento do Mapa Econômico do RS, realizado em Porto Alegre nesta quinta-feira, 6 de novembro, para debater oportunidades e desafios ao desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul. O encontro, realizado na Fiergs, marcou o encerramento da temporada de 2025 do Mapa Econômico do Rio Grande do Sul.
Ao falar diante de um auditório repleto de lideranças empresarias, Port detalhou a capilaridade da rede Sicredi: a instituição possui 2,9 milhões de associados no Estado, o que representa cerca de 26% da população gaúcha. 
Além disso, em 2023, o Sicredi contava com 667 agências em 481 cidades gaúchas, o que representou uma cobertura de 97% do Estado. A instituição é a maior repassadora de crédito rural no Rio Grande do Sul. "O fato da nossa operação ser descentralizada faz com que vivamos o mapa econômico do Rio Grande do Sul todos os dias", comparou Port.
"Nós do Sicredi, uma instituição financeira relevante no Estado, temos percebido uma deterioração da qualidade de vida financeira das pessoas. Há um endividamento elevado. E isso tem nos preocupado", prosseguiu – acrescentando que o Rio Grande do Sul foi o Estado que menos cresceu nos últimos dois anos.
O endividamento na área da agricultura – responsável por 40% do PIB gaúcho e 29% do nacional – é o que mais chama a atenção do presidente do Sicredi. Os pequenos produtores rurais, que representam cerca de 91% da base de associados do Sicredi, têm acumulado dívidas desde 2020, por conta das secas, enchentes e pandemia de Covid-19.
Neste cenário, as medidas do governo federal e estadual têm sido insuficientes. "A medida provisória 1314, que anunciou o repasse de R$ 12 bilhões pelo governo federal na Expointer deste ano, acabou não vindo apenas para o Rio Grande do Sul. Ela ficou tão abrangente que cerca de 1.400 municípios brasileiros estão aptos a utilizá-la. Conforme a Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul), apenas 20% da necessidade dos produtores gaúchos será atendida", exemplificou.
Como a maioria das dívidas rurais são decorrentes de eventos climáticos que prejudicam as safras – especialmente, as estiagens – medidas de mitigação aparecem como oportunidades no Estado. As principais são as obras de irrigação e seguro rural. Entretanto, Port avalia que ainda há "informações desencontradas" sobre medidas anunciadas pelo governo estadual na Expodireto para viabilizar a irrigação.
Presidente da Central Sicredi Sul Sudeste, Márcio Port foi um dos painelistas do Mapa Econômico do RS em Porto Alegre | EVANDRO OLIVEIRA/JC
Presidente da Central Sicredi Sul Sudeste, Márcio Port foi um dos painelistas do Mapa Econômico do RS em Porto Alegre EVANDRO OLIVEIRA/JC
Quanto ao seguro rural, o presidente do Sicredi diz que "o Proagro, o seguro do governo, tem limitadores de acionamento".
"Dependendo de quantos acionamentos tiver, o agricultor não pode mais fazer uso desse recurso. Muitos produtores gaúchos já bateram neste teto (por conta dos eventos climáticos extremos dos últimos anos)", analisou Port.
Por fim, o painelista criticou a manutenção da Taxa Selic em 15% ao ano, decisão confirmada na quarta-feira. "Normalmente, quando a Selic está muito alta, vemos a tomada de crédito diminuir. Ao mesmo tempo, os investimentos no mercado financeiro aumentam. O problema é que, agora, o crédito diminuiu e os investimentos também. Esse é um indicativo de que, talvez, o dinheiro tenha acabado", ponderou.
O dirigente, por outro lado, fez questão de concluir com uma mensagem positiva, de crença na recuperação do Estado e do País nos próximos anos, defendendo convergência entre as lideranças para que o Rio Grande do Sul avance.

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