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Publicada em 31 de Julho de 2025 às 11:01

Cristo Protetor de Encantado atrai empreendimentos para o Vale do Taquari

Cristo Protetor de Encantado foi inaugurado em abril deste ano e tem atraído 35 mil visitantes por mês

Cristo Protetor de Encantado foi inaugurado em abril deste ano e tem atraído 35 mil visitantes por mês

Tânia Meinerz/JC
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Ana Stobbe
Ana Stobbe Repórter
Em 2021, uma ideia audaciosa começou a sair do papel em Encantado, no Vale do Taquari: o maior monumento de Jesus Cristo do mundo — até mesmo do que o Cristo Redentor carioca — teve sua cabeça e seus braços içados. A estrutura foi oficialmente inaugurada em abril de 2025 e, desde então, tem recebido cerca de 35 mil turistas por mês. A conjuntura elevou a confiança de investidores e empreendedores locais, especialmente no setor de serviços.
Em 2021, uma ideia audaciosa começou a sair do papel em Encantado, no Vale do Taquari: o maior monumento de Jesus Cristo do mundo — até mesmo do que o Cristo Redentor carioca — teve sua cabeça e seus braços içados. A estrutura foi oficialmente inaugurada em abril de 2025 e, desde então, tem recebido cerca de 35 mil turistas por mês. A conjuntura elevou a confiança de investidores e empreendedores locais, especialmente no setor de serviços.
A cidade de pouco menos de 23 mil habitantes passou a se reinventar. Estabelecimentos já tradicionais se ampliaram e abriram os braços para atender ao público de visitantes que passou a frequentar o município. É o caso do Hotel Rizzi, instalado na RS-129 há mais de 30 anos. Se, antes, os dormitórios eram ocupados apenas durante a semana pelo turismo de negócios, hoje, uma reforma precisou aumentar o número de quartos para dar conta dos hóspedes que chegam aos finais de semana.
“Eu aumentei 10 apartamentos e fiz uma sala de café nova. Também tem um terraço e mudamos o pátio que agora é pavimentado e com pergolados na área externa também. Antes, tínhamos movimento nos finais de semana quando tinha algum evento na cidade. Hoje, isso mudou. Já tenho reservas até para outubro e novembro”, avalia a proprietária, Adriana Rizzi, de 55 anos.
O movimento também possibilitou que os recursos de Adriana circulassem mais pelo município. Conforme ela relata, mais uma funcionária foi contratada para dar conta das demandas dos finais de semana. “E isso gira para todo mundo, para a senhora que eu compro bolo, que faz mais, para outra que eu como salgado, que faz mais. Enfim, é uma cadeia”, comemora a empreendedora. O marketing do estabelecimento também mudou: hoje, até mesmo o logo referencia o atrativo turístico de Encantado.
No centro da cidade, a Padaria Dal Pizzol estima ter ampliado suas vendas entre 5 e 15% a depender do movimento do mês. “Seguidamente tem aparecido excursões, micro-ônibus durante a semana e aos finais de semana. Isso aquece principalmente a área de alimentação. Tem sido bem positivo, estamos muito contentes”, pontua o sócio-proprietário Roni Dal Pizzol.
A percepção é compartilhada por Rafael Fontana, presidente da Associação dos Municípios de Turismo do Vale do Taquari (Amturvales) e conselheiro-administrativo da Associação Amigos de Cristo, que é responsável pelo monumento. “É importante destacar que a região já vinha se preparando com serviços de alimentação e hospedagem. E, com o Cristo Protetor, foi feita uma integração da região, fortalecendo mais os empreendimentos. Hoje, o turista que vai ao Cristo visita outros empreendimentos da região como um todo, até porque os municípios ficam muito próximos”, pontuou.
Um desses empreendimentos pensados antes mesmo da inauguração do Cristo Protetor foi o M Container, um gastrobar na RS-129 com um deque que oferece uma vista privilegiada ao Rio Taquari. O negócio é chefiado por Márcia Finatto, artesã e professora que optou por empreender após seu ateliê ser atingido por uma enchente em 2020.
“Eu estava totalmente desacreditada e desanimada, não via porque recomeçar. Mas, em abril do ano seguinte, içaram os braços e a cabeça do Cristo. Isso foi para a mídia e deu uma repercussão. Aí voluntária ou involuntariamente, todo mundo viu uma luz no fim do túnel, uma esperança para Encantado que, até então, tinha poucas empresas”, comenta.
As sucessivas enchentes de 2023 e 2024, entretanto, frustraram o negócio de Márcia. Principalmente, com a interdição da estrada onde o restaurante está instalado após o desabamento de encostas à beira da rodovia. O empreendimento continuou, mas o público ainda não é o suficiente para dar conta das dívidas contraídas pelas perdas do período.
Márcia acredita que um ponto sensível ainda seja a retenção dos visitantes no município. “O movimento se acoplou praticamente só nas proximidades do boulevard do Cristo, que detém a gastronomia e o ingresso. O público só entra na cidade para visitar a igreja. Na RS-129, nenhum ônibus para no meu café porque eles já vêm com roteiros prontos. Isso é um trabalho que a longo prazo poderia ser revertido”, considerou.
Esse é um dos pontos com os quais a Associação Amigos de Cristo tem trabalhado. “Teremos, nos próximos cinco anos, no mínimo de cinco a dez novos empreendimentos próximos ao monumento que vão ampliar o fluxo de turistas e aumentar a permanência na região. Porque hoje é um turista que na maior parte das vezes vem e volta no mesmo dia. Com a ampliação dos atrativos, podemos aumentar o fluxo, porque o visitante define sua viagem pela quantidade de experiências que vai poder ter no local”, projeta Fontana.
Outra possibilidade que está sendo avaliada é a da criação de rotas de turismo religioso que integrem ainda mais a região. “Temos várias cidades no Vale do Taquari com grutas de Nossa Senhora de Lourdes, e estamos projetando caminhos que linkam esses municípios e chegam ao Cristo Protetor. Tem ainda outros trajetos pelo Interior que podem ser feitos a pé ou de carro e que mostram a história e a cultura das famílias da região, é uma experiência diferente”, explica o presidente da Amturvales.

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