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Visitação no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia é uma atração turística

Visitação no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia é uma atração turística


/Leonardo Kerber/Divulgação/JC
Você já ouviu falar do Buriolestes? Ou do Siriusgnathus niemeyerorum? E o que dizer do Agudotherium gassenae? Parece estranho, mas soam muito familiares aos moradores da região da Quarta Colônia, no Centro do Estado. São três fósseis de espécies inéditas de dinossauros encontradas nessas localidades nos últimos anos. Em comum, além da proximidade geográfica, estes tesouros foram batizados com os nomes das famílias locais que ajudaram a encontrá-los, muitas vezes, nos terrenos das suas propriedades.
O primeiro, em homenagem à família Buriol, de São João do Polêsine. O segundo, aos Niemayer, de Agudo, e o terceiro, à Valserina Buelgon Gassen, quatro vezes prefeita de São João do Polêsine.
Nos últimos anos, 35 fósseis de diversas espécies foram encontrados, e batizados, entre os nove municípios - Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins - do recentemente certificado pela Unesco, Geoparque da Quarta Colônia.
Uma faixa de 250 quilômetros que continua sendo palco de grandes descobertas, como a que encontrou o Staurikosaurus pricei, o primeiro dinossauro brasileiro e um dos mais antigos dinossauros do mundo. E ainda é a casa dos Buriol, dos Niemayer e de tantos outros.
A maneira simpática de reconhecer, com os nomes das espécies, a população local, foi a forma encontrada pelos cientistas que atuam na cidade de desmistificar o trabalho que faziam ali, e que agora será amplificado para todos.
"Acabou aquele medo de perder a propriedade, ou não poder mexer na propriedade onde foi encontrado um fóssil. Temos feito um trabalho de sensibilização da comunidade, que é fundamental para que o geoparque tenha sucesso e todos se beneficiem disso. Hoje, você visita algumas dessas famílias na zona rural, e ali na parede, junto com as fotos da família, está o artigo científico da descoberta que ele ajudou a fazer", conta a diretora do geoparque, Janice Sell.
A Quarta Colônia é considerada por paleontólogos uma área chave no Brasil para o estudo do período Triássico, com fósseis que remontam a 250 milhões de anos atrás. É uma das cinco áreas reconhecidas internacionalmente no País pelo seu valor geológico, paleontológico e cultural.
O projeto que resultou no geoparque é resultado de um esforço conjunto entre o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), da UFSM, e do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus Quarta Colônia).
Dados não oficiais apontam que, somente no ano passado, sem qualquer reconhecimento internacional, a região recebeu em torno de 30 mil turistas. Com Santa Maria como uma espécie de referência e porta de entrada para a infraestrutura turística na Quarta Colônia, o que se espera é um avanço na região.
"A certificação coloca a Quarta Colônia definitivamente no cenário internacional. Torna a região um atrativo acadêmico, claro, mas principalmente turístico. Atrai um tipo de visitante diferenciado, que vem para cá com a certeza de que há conservação do patrimônio natural e histórico da região. E a consequência é um benefício social a ser compartilhado por todos nesta região", avalia Janice Sell.
E isso representa uma oportunidade para investimentos. De acordo com a diretora do geoparque, uma série de ações têm sido levadas à prática entre os nove municípios para que empreendedores locais invistam na qualificação de restaurantes, cafés, transportes e pousadas. E há a gastronomia naturalmente atraente da região marcada pela colonização italiana, além de cinco comunidades quilombolas dentro do território reconhecido pela Unesco.
A certificação dará aos municípios ainda um novo fôlego para investir em infraestrutura. Serve como um documento facilitador de crédito, por exemplo, para obras em estradas ou acessos a atrações turísticas locais. "É um processo coletivo, com participação de todos, da universidade, da comunidade e do poder público", resume a diretora.
O Geoparque da Quarta Colônia forma, com Caçapava do Sul e com os Caminhos dos Cânions do Sul, três geoparques certificados no Estado. E há ainda dois projetos na região em análise: o Geoparque Raízes de Pedra, no Vale do Jaguari, e o Geoparque Vale do Rio Pardo.