Porto Alegre,

Publicada em 15 de Dezembro de 2025 às 18:00

Alta demanda por energia e água desafiam Capão da Canoa e Xangri-Lá

Queixa dos prefeitos é de que instabilidade na rede elétrica tem ocorrido, inclusive, fora dos períodos de alta temporada

Queixa dos prefeitos é de que instabilidade na rede elétrica tem ocorrido, inclusive, fora dos períodos de alta temporada

TÂNIA MEINERZ/JC
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Lívia Araújo
Lívia Araújo Repórter
O aumento expressivo da população durante a temporada de verão volta a colocar a energia elétrica e o saneamento no centro das preocupações dos municípios do Litoral Norte do RS. Cidades como Xangri-Lá e Capão da Canoa enfrentam historicamente quedas no fornecimento de energia e problemas de abastecimento de água, ao mesmo tempo em que acompanham anúncios de investimentos das concessionárias responsáveis pelos serviços.
O aumento expressivo da população durante a temporada de verão volta a colocar a energia elétrica e o saneamento no centro das preocupações dos municípios do Litoral Norte do RS. Cidades como Xangri-Lá e Capão da Canoa enfrentam historicamente quedas no fornecimento de energia e problemas de abastecimento de água, ao mesmo tempo em que acompanham anúncios de investimentos das concessionárias responsáveis pelos serviços.
Em Capão da Canoa, o prefeito Valdomiro Novaski afirma que a instabilidade no fornecimento de energia elétrica tem sido recorrente, inclusive fora da alta temporada. Segundo ele, bares e estabelecimentos comerciais registram falta de luz quase diariamente. O gestor relata que o município foi informado de um investimento de R$ 2,8 milhões da CEEE Equatorial destinado apenas à manutenção da rede local, valor que considera insuficiente diante do crescimento da demanda. 
Além disso, a prefeitura tem arcado com custos próprios na infraestrutura de energia. Um exemplo é a duplicação da avenida Paraguassu, até Capão Novo, onde o município precisou implantar uma nova rede elétrica. O investimento é de cerca de R$ 3 milhões, valor que depois será repassado à concessionária. Novaski aponta dificuldades operacionais na articulação com a CEEE Equatorial. “Você tem de fazer um agendamento para a ligação da rede, e o prazo é de 15 dias. Se, depois desses dias, chove, não é possível fazer a ligação e aí tem que fazer o agendamento de novo, e tem de que esperar mais 15 dias”, queixa-se.
Em Xangri-lá, o cenário é semelhante no que diz respeito à pressão sazonal sobre os serviços. O município tem cerca de 23 mil habitantes fora da temporada, número que pode chegar a 100 mil no verão e até 150 mil em períodos de grandes eventos, como o réveillon e o Planeta Atlântida. O prefeito Celso Bassani afirma que a principal preocupação está relacionada à energia elétrica, sobretudo em balneários como Arpoador, Noiva do Mar e Rainha do Mar. Segundo ele, apesar da instalação de redes novas e transformadores mais potentes em algumas áreas, o problema recorrente é a demora no atendimento da concessionária em casos de falhas.
Bassani relata que o relacionamento institucional com a Corsan Aegea, responsável pelo saneamento, é mais fluido do que com a distribuidora de energia. Enquanto isso, a prefeitura acaba sendo acionada diretamente pela população diante da dificuldade de resposta da concessionária elétrica. Em alguns casos, equipes municipais de iluminação pública realizam intervenções emergenciais para restabelecer o fornecimento. 
No campo do saneamento, está em andamento a implantação de redes de esgoto cloacal em diferentes pontos da cidade. De acordo com o prefeito, ao final de 2025, cerca de 60% do município deverá contar com cobertura de esgotamento sanitário, considerando a conclusão das obras em Atlântida, na Avenida Paraguassu, no centro e na entrada da cidade. A expectativa é atingir 100% da sede municipal até o fim de 2026. Já em Capão da Canoa, a projeção de Novaski é de passar a cobertura de esgoto no município dos atuais 42% para 72% até o final do próximo ano.
Os investimentos fazem parte de um plano mais amplo anunciado pela Corsan Aegea para o Litoral Norte. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, a companhia informa que a região produz cerca de 14 milhões de metros cúbicos de esgoto bruto por ano, dos quais apenas 36% são tratados. Para reverter esse cenário, está em execução um plano de R$ 550 milhões até 2033, voltado à ampliação de redes coletoras, construção e modernização de estações de tratamento e qualificação dos sistemas de monitoramento ambiental.
Já no setor elétrico, a CEEE Equatorial anunciou, no início de dezembro, um investimento de R$ 70 milhões no Plano Verão 2025–2026, com foco no reforço da rede de distribuição no litoral. Entre as ações previstas estão a modernização de subestações, construção de novos alimentadores, instalação de religadores automáticos e substituição de postes de madeira por estruturas de concreto. Um dos destaques é a operação de uma subestação móvel em Xangri-Lá, com capacidade adicional de 30 MVA, que deve beneficiar diretamente Atlântida e Capão da Canoa durante o pico da temporada.

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