Inaugurada em 1990 como uma alternativa à BR-101 para veículos leves, a ERS-389, conhecida como Estrada do Mar, trouxe desenvolvimento e facilitou a movimentação dos turistas e dos moradores da região. Passados 35 anos, a rodovia continua importante, mas coleciona problemas de conservação e infraestrutura, que colocam em risco quem trafega por ela. O assunto foi objeto de uma audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais, nesta terça-feira (9), que tratou das melhorias necessárias para tornar a Estrada do Mar mais segura, enquanto a duplicação não acontece.
Proposto pelo presidente do colegiado, deputado Joel Wilhelm (PP), o encontro contou com as presenças de lideranças políticas e comunitárias de diversos municípios litorâneos, que elencaram os principais problemas da rodovia e cobraram ações emergenciais ao longo dos 90 quilômetros que ligam Osório a Torres. O secretário de Turismo de Xangri-Lá, Cristóvão Wolf, afirmou que, apesar do trevo em Imbé ter colaborado para a redução dos acidentes, as condições gerais da estrada não garantem condições mínimas de segurança. Para reduzir os riscos, ele sugeriu a melhoria da sinalização, a implantação de “olhos de gato” (sinalização refletiva) na pista e de guard rails. Além disso, defendeu a correção das entradas e saídas das praias ao longo da estrada e investimentos em vias laterais de uma só mão de cada lado da ERS-389, com permissão para o tráfego de bicicletas e de pedestres.
O assessor da Secretaria de Segurança de Capão da Canoa, Leonardo Santos lembrou que o fluxo intenso na Estrada do Mar não se restringe ao veraneio e ocorre no ano inteiro. “Com a pandemia e a enchente, Capão passou a ter mais de 100 mil habitantes. As outras cidades também registaram crescimento populacional. Com isso, temos trânsito intenso o ano inteiro, especialmente, de manhã cedo e no começo e final da tarde, e uma marca muito ruim: acidentes todos os dias”, apontou.
Santos sugeriu construção de elevadas em locais próximos a pontos comerciais mais movimentados, a retirada imediata de raízes que se infiltram por baixo da pista e a correção dos buracos, além de uma nova solução para o transporte pesado.
Outra preocupação diz respeito à inexistência de pontos de resgate na estrada, o que dificulta o atendimento aos acidentados. “Temos acidentes graves o ano inteiro, muitos com óbitos. Necessitamos de resgate em um ponto estratégico para salvar vidas”, defendeu o tenente Fraga do Corpo de Bombeiros Militar.
Em novembro, o governo do Estado anunciou que a duplicação da Estrada do Mar deve sair do papel. O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) foi autorizado a realizar a contratação da empresa que irá desenvolver os estudos iniciais para a remodelação da via. O cronograma e os custos da obra ainda serão definidos, mas o governo do Estado informa que essa contratação deverá ocorrer no início de 2026 e o anteprojeto da duplicação será realizado ao longo do próximo ano.