Porto Alegre,

Publicada em 12 de Novembro de 2025 às 18:30

Estreia de documentário aborda longevidade em Veranópolis

Equipe realizou o lançamento em Porto Alegre para exaltar as zonas azuis, locais onde os cidadãos vivem mais do que a média

Equipe realizou o lançamento em Porto Alegre para exaltar as zonas azuis, locais onde os cidadãos vivem mais do que a média

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Larissa Britto
Larissa Britto Repórter
As cinco regiões mais longevas do mundo, conhecidas como blue zones (zonas azuis, em português), foram retratadas no novo documentário brasileiro, o “Conversas nas Zonas Azuis”, que estreou nesta semana em Porto Alegre. O longa-metragem é fruto do projeto Expedição Longevidade, criado para investigar os fatores que favorecem uma vida longa e saudável em diferentes partes do mundo, e realizou ao menos 80 entrevistas com idosos e pesquisadores de diferentes nacionalidades. A expedição encerrou na cidade de Veranópolis, que é considerada a zona azul brasileira, por ser referência nacional em pesquisas sobre envelhecimento saudável. 
As cinco regiões mais longevas do mundo, conhecidas como blue zones (zonas azuis, em português), foram retratadas no novo documentário brasileiro, o “Conversas nas Zonas Azuis”, que estreou nesta semana em Porto Alegre. O longa-metragem é fruto do projeto Expedição Longevidade, criado para investigar os fatores que favorecem uma vida longa e saudável em diferentes partes do mundo, e realizou ao menos 80 entrevistas com idosos e pesquisadores de diferentes nacionalidades. A expedição encerrou na cidade de Veranópolis, que é considerada a zona azul brasileira, por ser referência nacional em pesquisas sobre envelhecimento saudável. 
As blue zones compreendem cinco diferentes regiões do planeta, nas cidades de Nicoya, na Costa Rica, Loma Linda, nos Estados Unidos, Okinawa, no Japão, Icária, na Grécia e Sardenha, na Itália. Nestes locais, os habitantes tendem a viver mais que a maioria da população mundial, em média. Isso deve-se ao modo de vida que esses indivíduos adotam, visto que mantêm um estilo ativo, com foco em alimentação saudável e equilibrada, atividade física, espiritualidade e interação social. 
O documentário foi realizado entre os meses de abril e junho de 2023 pela jornalista paulista Lilian Liang e pelo cineasta e documentarista gaúcho Gabriel Martinez, cujas obras abordam temas ligados ao envelhecimento e à cultura humana. Lilian é especialista em gerontologia (área que estuda o processo de envelhecimento humano) e há 15 anos atua no desenvolvimento de publicações e projetos nas áreas de longevidade, qualidade de vida e envelhecimento ativo. 
“Eu tenho uma revista, a Aptare, que fala sobre envelhecimento. E quando ela completou dez anos, eu quis fazer um projeto comemorativo. A partir disso surgiu a vontade de visitar as blue zones, porque o envelhecimento ganhou muita visibilidade. Então, convidei o Gabriel para vir comigo para ir nessa viagem, e a ideia realmente era entender o que leva a longevidade extrema nessas regiões”, explica a jornalista durante o evento de estreia em Porto Alegre. 
Lilian e Gabriel contaram com apoio de produtores locais para encontrar entrevistados e auxiliá-los na tradução de perguntas e respostas. O longa busca desmistificar o envelhecimento e compreender fatores que contribuem para uma vida longeva e saudável. “Questões como ter uma proposta de vida, um suporte social, uma rede de amigos, uma família que te acolhe, espiritualidade. Todas essas questões contribuem muito para um bom envelhecimento. Uma das coisas que nós observamos é que existe sim um declínio físico. O envelhecimento acontece, mas as pessoas se adaptam porque estão muito bem cobertas nas outras áreas”, comenta Lilian. 
Em Veranópolis, essas características também se destacam. Para o prefeito, Cristiano Dal Pai, elementos significativos como família, lazer e trabalho, assim como a religiosidade, contribuem para uma vida longa. “No contexto geral, nós fazemos um trabalho com a juventude. Porque ao fazer toda a trajetória da sua vida, observando certos rigores, essas pessoas terão uma longevidade com garantia. O jovem chegará bem na melhor idade com qualidade de vida e esse é o nosso objetivo”, comenta. 
Desde 1994, o Instituto Moriguchi, localizado no município de Veranópolis, a 162 quilômetros da Capital, desenvolve pesquisas e aplicações práticas voltadas ao processo de envelhecimento da população local. O documentário tem como eixo narrativo o pioneirismo dos estudos realizados na cidade, já que antecedem o conceito internacional das blue zones, formulado apenas em 2004. 
“Esse documentário é muito bacana, porque justamente está mostrando que os achados do Dr. Emílio Moriguchi, quando iniciou o Projeto Veranópolis em 1994, vêm sendo confirmados com estudos científicos. Acho que esse filme vem de uma maneira muito boa para o instituto, justamente porque vai ajudar a divulgar muito um trabalho seríssimo. É incrível que o Emílio e o Instituto Moriguchi fizeram. Hoje, são 31 anos de pesquisas científicas que merecem uma promoção”, comenta Martinez. 
Só no Brasil, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% ao longo de 12 anos, conforme dados levantados pelo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022. Em 2010, 14 milhões de pessoas pertenciam a essa faixa etária, representando 7,4% da população brasileira. Já em 2022, este número chegou a 22,2 milhões de pessoas, representando 10,9% da população. Em comparação a outras regiões, a pesquisa aponta que o Sudeste e o Sul têm estruturas mais envelhecidas, com 18% e 18,2% de jovens de 0 a 14 anos, e 12,2% e 12,1% de pessoas com 65 anos ou mais, respectivamente.
O crescimento do número de idosos na pirâmide etária é considerado significativo, e a questão foi abordada na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2025, aplicado no último domingo (9), com o tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.

Legado de Yukio Moriguchi é celebrado durante a cerimônia

Emílio Moriguchi, filho de Yukio, falou sobre o legado deixado pelo pai na medicina

Emílio Moriguchi, filho de Yukio, falou sobre o legado deixado pelo pai na medicina

EVANDRO OLIVEIRA/JC
Considerado o pai da geriatria na América Latina, o médico e professor Yukio Moriguchi faleceu aos 99 anos na segunda-feira (9), em Porto Alegre. A família não divulgou a causa da morte.
O evento de lançamento do documentário serviu também para a prestação de homenagens ao médico. O filho, Emilio Hideyuki Moriguchi, comentou sobre o legado do pai para os estudos sobre longevidade. "Para mim, é uma celebração da vida e do legado do pai que partiu para o céu. Esse longa-metragem vai ser um testemunho do que ele deixou para nós", diz o médico, que fundou o Instituto Moriguchi há 31 anos.
Natural de Tóquio, no Japão, Yukio Moriguchi se formou em medicina em 1948, na Keio University. Em 1971, chegou ao Brasil, onde revalidou seu diploma pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Já em 1973, fundou o Instituto de Geriatria e Gerontologia (IGG), na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) - o primeiro do gênero na América Latina. 
Segundo Emílio, mais de 2 mil médicos se especializaram em geriatria desde a década de 1970 na América Latina e levaram os ensinamentos dele para diversos países. "Eu fico muito feliz que quase todos os líderes da geriatria desses países foram alunos do pai, ou seja, ele realmente revolucionou o ensino e a prática da geriatria em todo o continente latino-americano e também nos países africanos que falam português", completa.

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