A 21ª edição do Festival Internacional de Folclore de Nova Prata terminou neste domingo (7), consolidando um público que superou 20 mil pessoas entre visitantes, turistas e integrantes de delegações estrangeiras. A movimentação econômica, de acordo com o balanço do evento, chegou a R$ 6 milhões, com impacto direto em hotéis, restaurantes, comércio e serviços ligados ao turismo.
De 3 a 7 de setembro, o evento reuniu 10 países – Itália, Croácia, China, Equador, Eslováquia, Chile, França, Rússia, Uruguai e Brasil – em apresentações que aconteceram no Ginásio Alcides Tarasconi, e também nas ruas, feiras e palcos da cidade. Além do público presencial, mais de 250 mil pessoas acompanharam os espetáculos pelas transmissões ao vivo no YouTube e em redes sociais.
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O ponto alto do evento foi o Campeonato Mundial de Danças da Fidaf, entidade internacional que agrega festivais de dança. A competição é a única do gênero sediada nas Américas. A disputa avaliou técnica, figurino, coreografia, harmonia e impacto artístico. O grupo da Rússia conquistou o título de campeão, seguido por Equador e França. Já o Prêmio do Público, escolhido por meio de votação online de 7,5 mil espectadores, ficou com o grupo do Chile.
Para o presidente do festival, Cleverton Toscan, os números confirmam a importância do evento não apenas para Nova Prata, mas para toda a região. “Hoje o festival abrange hotéis, gastronomia e turismo em toda a região. Estamos recebendo grupos de nove países, mais o Brasil. É o nosso maior festival até hoje e a cada edição o nível aumenta. A cidade entendeu que o turismo é essencial e o festival movimenta Nova Prata por pelo menos um mês inteiro”, afirmou.
Toscan destacou ainda o reconhecimento internacional e a hospitalidade da comunidade. “Conversando com a delegação da Itália, perguntei em quantos países eles já haviam se apresentado. A resposta foi que aqui em Nova Prata está sendo a experiência mais especial, pelo modo como são recebidos. Disseram que se sentiram pessoas importantes. Isso mostra a força do nosso festival”, pontuou.
O diretor artístico Marcelo Nedeff ressaltou o papel transformador do festival na identidade cultural de Nova Prata. “Este festival transformou nossa cidade na ‘cidade da cultura’. Hoje somos referência no calendário oficial do Estado e também nacional. O evento se consolidou como um espaço de alegria e colorido, onde dança, música, artesanato e gastronomia se encontram. Cada edição é uma estratégia de manutenção e crescimento, como vimos agora com a criação da competição de duetos, que abre espaço para mais países”, explicou.
Nedeff lembrou que a preparação é contínua. “Acaba uma edição, descansamos 15 dias e já começamos a trabalhar na próxima. São 21 anos de história e agora é um caminho sem volta”, celebrou.
A cerimônia de abertura trouxe o espetáculo “O verdadeiro amor nunca morre”, encenado pelo Bailado Gaúcho e membros da comunidade, narrando a saga da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A edição deste ano homenageou os 150 anos da imigração italiana, reforçando vínculos entre tradição e contemporaneidade.
Mais de 400 bailarinos, além de 300 voluntários e 80 coordenadores, trabalharam na realização do evento. A programação paralela incluiu feira do livro, artesanato, agroindústria, gastronomia e comércio, ampliando a participação da comunidade e turistas.
O festival, eleito quatro vezes como o melhor do mundo na modalidade, foi reconhecido em 2023 como Festival Honorário da Fidaf. Também é considerado pela Associação de Turismo da Serra Nordeste (Atuaserra) como o maior evento cultural da Região Uva e Vinho.
O festival já tem data marcada para a próxima edição: de 9 a 13 de setembro de 2026, novamente em Nova Prata.
Competição de duetos estreia no festival com vitória do Equador
Uma das novidades da 21ª edição do Festival Internacional de Folclore de Nova Prata foi a estreia da Competição de Pares e Duetos, realizada no sábado (6) em palco montado na Praça da Bandeira, local que sedia a feira gastronômica do festival. A iniciativa buscou ampliar as possibilidades de participação de países que, muitas vezes, não conseguem trazer grupos completos por conta dos custos.
Na categoria internacional, o primeiro título ficou com o Equador, seguido pela França. Entre os grupos locais, o campeão foi o grupo Kalina da Braspol, que exalta o folclore dos imigrantes poloneses no Brasil. Em segundo lugar, ficou o CTG Retorno à Querência.
Para o diretor artístico Marcelo Nedeff, a nova categoria é uma forma de garantir sustentabilidade ao evento. “As passagens estão cada vez mais caras, e trazer grupos inteiros se torna difícil. Com duetos, ampliamos o leque de países e mantemos o nível artístico do festival”, explicou.
A equatoriana Adele Pesantez, integrante do grupo que venceu a competição de duetos e ficou em segundo lugar na competição principal, destacou a recepção calorosa em Nova Prata. “Me senti muito amada. Fiquei surpresa com tantas pessoas que apreciam arte e cultura. Foi gratificante viajar, dançar e aprender com outras culturas. Estou encantada e grata”, afirmou.
Já o francês Loïc Boussemart, do Ballet de Savoie, ressaltou o clima de integração. “Mesmo em um contexto de competição, encontramos aqui uma atmosfera muito boa entre os grupos, o que nem sempre acontece. É enriquecedor viver essa diversidade cultural e criar amizades, mesmo com a barreira do idioma.”
A jurada húngara Andrea Vincze destacou que o festival reforçou a missão de preservar a cultura tradicional de diferentes povos, mas também inovar em linguagens e abordagens. “Sem raízes, não conseguimos nos manter no mundo. Os festivais devem proteger o patrimônio popular, mas também adaptá-lo ao século XXI. A competição incentiva os grupos a se tornarem cada vez melhores, unindo tradição e inovação.”
Com a estreia bem-sucedida, a expectativa é que a competição de duetos se torne parte permanente do festival, fortalecendo a diversidade de culturas e ampliando a participação internacional nas próximas edições do evento.