A 48ª edição da Expointer, que ocorre no Parque Assis Brasil, em Esteio, recebe ao menos 71 novos empreendimentos de todo o Estado para expor diversos produtos no Pavilhão da Agricultura Familiar. Os produtos vão desde alimentos a artesanatos, e algumas iguarias chamam a atenção pelas suas receitas incomuns. O Jornal Cidades foi até a maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina para conhecer três produtores que expõem seus produtos pela primeira vez.
Vinda diretamente de São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha, a agroindústria Fazenda da Cria foi fundada em 1990 pelo agricultor Sadi Müller. Segundo seu neto, Gabriel Müller, que administra o negócio da família, a agroindústria é a primeira produtora de alho poró da Região Sul do Brasil e atualmente é considerada a primeira produtora em larga escala de ruibarbo do País, com cerca de 35 mil plantações. "A importância de vender nossos produtos pela primeira vez aqui (na Expointer) é gigante. É bacana ver o pessoal querendo conhecer bastante. É uma planta que muita gente ainda não conhece", diz Gabriel.
O ruibarbo é uma planta originária do norte da Europa e utilizada para fins medicinais, visto que possui propriedades estimulantes e digestivas. Gabriel conta que a planta chegou ao conhecimento de sua família há décadas através de uma vizinha, nascida na Alemanha. "Ela sempre servia a sua torta de ruibarbo, que era uma receita trazida pela família dela. A vizinha mantinha a receita e a planta com exclusividade, não dividia com ninguém. Quando foi morar em um lar de idosos, chamou a minha avó Clarice, que era da agricultura, e disse 'pra ti vou dar a muda e a receita'", conta.
Em 1998, porém, a plantação foi destruída após a casa onde vivia a família de Gabriel ser desmanchada. Somente 20 anos depois, em 2018, encontraram novamente sementes da planta à venda em uma loja de Porto Alegre.
As principais receitas vendidas à base da planta são bebidas, medicamentos, cosméticos e diversas opções gastronômicas, mas no evento a família vende pães, cucas, tortas, bolachas, compotas, conservas e geleias. Os preços dos produtos à base de ruibarbo variam entre R$ 10 e R$ 20, disponíveis na banca 119, no pavilhão da Agricultura Familiar.
Geleias de figo e de goiaba são o destaque de empresa de Roca Sales
A agroindústria Lá do Sítio Produtos Artesanais, vinda de Roca Sales, no Vale do Taquari, também participa pela primeira vez do evento, vendendo doces e geleias à base de figo e goiaba na banca 82. O empreendimento iniciou em 2019, quando os pais de Luisa Brugalli, proprietária da agroindústria, adquiriram um sítio no município roca-salense.
"No sítio tinham muitas frutas. Na safra tinha bastante goiaba e figo e não sabíamos o que fazer com tantas frutas. Então, a minha mãe começou a produzir doces e a gente presenteava nossos amigos e conhecidos. Toda vez que entregávamos um potinho de doce, dizíamos que era lá do nosso sítio. A partir daí, as pessoas queriam comprar o nosso produto", conta.
Apesar de ser fundada em Roca Sales, os produtos são vendidos em Garibaldi, na Serra Gaúcha, onde a família mora. "Como são receitas tradicionais, é uma coisa muito típica das nossas avós. Quando a gente começou a produzir, também era um momento de reunir a família e passar o dia no sítio de lazer", ressalta Luisa.
Para manter as geleias frescas durante o ano, Luisa conta que após a safra, que ocorre entre os meses de fevereiro e março, ambas as espécies de frutas são congeladas cruas em câmara fria e, depois, são cozidas com o açúcar para se tornar doce. Atualmente, a agroindústria produz 20 produtos, entre geleias, molhos de tomate e pesto e doces em calda. Os preços dos produtos à base de figo e goiaba variam entre R$ 20 e R$ 30.
"A sensação de estar na Expointer é de muito orgulho pelo caminho que nós trilhamos e por ter chegado até aqui. Foi um final de semana movimentado, com muito retorno, não só de vendas daqui, mas também de contatos com o pessoal de revendas. Então são vendas que com certeza vão se estender ao longo do ano", diz.
Salame com pinhão ganha o público e vira sucesso de vendas em estande de Guaporé
Lado a lado na banca 446, estão os produtores Patricia Cavasin e seu pai, Sergio Brezolin, da Don Cutello Charcutaria, vindos de Guaporé, na Serra. A agroindústria surgiu em 2020, no início da pandemia, e estreou na Expointer com o salame com pinhão, uma invenção que surgiu este ano.
A empresa familiar foi criada por Patricia, que explorou a charcutaria após sua insatisfação com as copas (carne feita a partir do corte de carne suína, a sobrepaleta) vendidas na cidade. "Participar pela primeira vez da Expointer está sendo uma satisfação imensa, porque nós trouxemos uma novidade e o público adorou. Sentir todo esse carinho é uma satisfação, porque é um reconhecimento", conta Patricia.
Para as amigas Maria Luiza Dapper, Ingrid Elert e Paula de Vargas, que vieram de Canoas, na Região Metropolitana, para o evento, o produto guaporense está aprovado. “Viemos conhecer essa novidade porque vimos na televisão e achamos o máximo. É bem coisa nossa, do gaúcho”, diz Maria Luiza.
Além do salame com pinhão, Don Cutello produz salames tradicionais, lombo, copa, culatello, costela defumada e bacon e o preço do quilo dos produtos varia de R$ 60 a R$ 100.