O Ministério da Educação (MEC) publicou em julho a Pesquisa Alfabetiza Brasil, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), cujo objetivo foi determinar o nível de alfabetização da rede pública de ensino do Brasil. Segundo indica o estudo, o País não alcançou os resultados previstos na educação em 2024, obtendo 59,2% de crianças alfabetizadas na idade adequada. A meta nacional no ano passado era de 60% diante do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA).
Assim como a média brasileira, o Rio Grande do Sul também apresentou baixos índices de alfabetização, alcançando entre 50% e 60% - porcentagem situada no nível um. A expectativa, conforme a pesquisa, é que até 2030 toda criança brasileira esteja alfabetizada, representando resultados maiores que 80% no Indicador Criança Alfabetizada.
O ministro da Educação, Camilo Santana, apontou o declínio da educação gaúcha como uma das principais justificativas para País não ter atingido o percentual esperado de alfabetização. Ele destacou que o principal motivo seria a calamidade pública enfrentada pelo Estado após os eventos climáticos extremos atingirem a região em maio do ano passado. Um levantamento realizado pela Subcomissão Especial da Câmara dos Deputados destacou que cerca de 1,1 mil escolas estaduais foram avariadas durante o evento climático, além de outras 644 das redes municipais de ensino. A estimativa do estudo é de que 400 mil estudantes tiveram sua rotina escolar impactada pela enchente.
A partir desse diagnóstico, o Jornal Cidades inicia uma série de quatro reportagens, em que mostra diferentes cenários vividos por municípios gaúchos relacionado à educação. Enquanto pequenas cidades tiveram crescimento no percentual entre 2023 e 2024, segundo o Ministério da Educação, outros tiveram retrocessos. Cabe salientar que os resultados foram classificados em seis níveis, sendo abaixo de 40% o pior - considerado abaixo do mínimo ideal - e acima de 80%, o melhor.
Vista Gaúcha e Porto Lucena atingem 100% das crianças alfabetizadas
A cidade de Vista Gaúcha, que fica na região Norte, quase na divisa com Santa Catarina, atingiu o percentual de 100% na alfabetização na rede municipal. Em 2023, esse indicador era de 74,3%, segundo o MEC. O município possui uma população de 2,7 mil habitantes, conforme o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Destes, 406 são alunos ativos entre o primeiro e o nono ano das duas escolas municipais de ensino fundamental da cidade, a Professor Nelso Piccinini e a Senador Pinheiro Machado, que está localizada na área rural.
Para o prefeito, Claudemir Locatelli, o resultado é fruto de diversos fatores, dentre eles o investimento em formação continuada do corpo docente das escolas e sua valorização financeira. “É importante destacar que nós aplicamos o uso de metodologias e acompanhamento pedagógico constantes, com supervisão presencial nas salas de aula. Há profissionais acompanhando diariamente o desempenho dos alunos, que vão desde a sua concentração dentro da sala de aula até o envolvimento com o professor”, afirma Locatelli.
Para o prefeito, Claudemir Locatelli, o resultado é fruto de diversos fatores, dentre eles o investimento em formação continuada do corpo docente das escolas e sua valorização financeira. “É importante destacar que nós aplicamos o uso de metodologias e acompanhamento pedagógico constantes, com supervisão presencial nas salas de aula. Há profissionais acompanhando diariamente o desempenho dos alunos, que vão desde a sua concentração dentro da sala de aula até o envolvimento com o professor”, afirma Locatelli.
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Para desenvolver o aprendizado dos alunos que apresentam dificuldades nos conteúdos aplicados em sala de aula, a gestão municipal aplicou em 2021 o turno integral em ambas as escolas. Dessa forma, os professores, segundo Locatelli, dedicam-se exclusivamente às dificuldades dos estudantes. “Nós também fizemos investimentos em melhorias estruturais e pedagógicas, que são fundamentais nesse processo para que eles se sintam à vontade e praticamente criem um ambiente familiar dentro da escola”, avalia.
O investimento na educação em 2024 foi de aproximadamente R$ 7 milhões, o que representa 25,8% do orçamento municipal. Já para este ano, o valor destinado para a pasta é de R$ 7,2 milhões, de acordo com o prefeito. Ele afirma que, apesar das cheias, o ensino não foi consideravelmente impactado e interrompido. “A educação sofreu em partes com as cheias, mas nós conseguimos administrá-la através do transporte escolar. As enchentes não tiveram uma influência significativa ao ponto de comprometer a presença dos alunos nas salas de aula”, diz.
Para manter o percentual neste e nos próximos anos, Locatelli afirma que a ideia é realizar investimentos na estrutura do ensino básico municipal, como nas refeições oferecidas nos turnos da manhã e da tarde. “Uma questão que é muito importante também é a informatização. Nós (o município) avançamos muito nisso, como uma forma de instigar o aluno a usar bem os aparelhos tecnológicos, como o celular e o notebook. Assim, essas ferramentas se tornam um atrativo para que os estudantes possam permanecer nas salas de aula”, afirma.
Para desenvolver o aprendizado dos alunos que apresentam dificuldades nos conteúdos aplicados em sala de aula, a gestão municipal aplicou em 2021 o turno integral em ambas as escolas. Dessa forma, os professores, segundo Locatelli, dedicam-se exclusivamente às dificuldades dos estudantes. “Nós também fizemos investimentos em melhorias estruturais e pedagógicas, que são fundamentais nesse processo para que eles se sintam à vontade e praticamente criem um ambiente familiar dentro da escola”, avalia.
O investimento na educação em 2024 foi de aproximadamente R$ 7 milhões, o que representa 25,8% do orçamento municipal. Já para este ano, o valor destinado para a pasta é de R$ 7,2 milhões, de acordo com o prefeito. Ele afirma que, apesar das cheias, o ensino não foi consideravelmente impactado e interrompido. “A educação sofreu em partes com as cheias, mas nós conseguimos administrá-la através do transporte escolar. As enchentes não tiveram uma influência significativa ao ponto de comprometer a presença dos alunos nas salas de aula”, diz.
Para manter o percentual neste e nos próximos anos, Locatelli afirma que a ideia é realizar investimentos na estrutura do ensino básico municipal, como nas refeições oferecidas nos turnos da manhã e da tarde. “Uma questão que é muito importante também é a informatização. Nós (o município) avançamos muito nisso, como uma forma de instigar o aluno a usar bem os aparelhos tecnológicos, como o celular e o notebook. Assim, essas ferramentas se tornam um atrativo para que os estudantes possam permanecer nas salas de aula”, afirma.
Reforço no contraturno escolar gera resultados positivos em Porto Lucena
Prefeitura implementou um vale de R$ 35,00 para alunos poderem comprar livros
/Alfredo Kall/Divulgação/CidadesAssim como em Vista Gaúcha, a cidade de Porto Lucena, na Fronteira Noroeste do estado, é outro município que atingiu o índice de 100% de crianças alfabetizadas na rede municipal em 2024. O município, que possui 4,3 mil habitantes de acordo com o Censo IBGE 2022, tinha 78,6% das crianças em fase de alfabetização, ou seja, que estão entre o primeiro e o terceiro ano do ensino fundamental da única escola municipal da cidade, a Presidente Kennedy, foram alfabetizadas.
A Avaliação de Fluência Leitora do Rio Grande do Sul aponta que, em 2023, no começo do ano letivo, 42% dos alunos do segundo ano do ensino fundamental eram pré-leitores - ou seja, são alunos que ainda não dispõem de condições mínimas para realizar a leitura oral, ainda que de palavras isoladamente. Já 28% eram leitores iniciantes - são aqueles que ainda gastam muito tempo no processo de decodificação das palavras, o que compromete sua compreensão do que leram - e outros 28% eram leitores fluentes.
Ao fim do ano letivo, somente 8% eram considerados pré-leitores, 58% leitores iniciantes e 28% leitores fluentes. Em 2024, 35% dos alunos eram considerados pré-leitores no início do ano, 51% eram leitores iniciantes e 11% eram fluentes. Ao final do ano, 13% dos alunos eram pré-leitores, 68% iniciantes e 16% fluentes.
A secretária de Educação, Sirlei Montini, explica como a cidade conseguiu atingir esse patamar no ano letivo passado. "Quando acabou a pandemia, nós começamos a trabalhar semanalmente no contraturno com aulas de reforço (nas disciplinas de português e matemática) para o primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto anos. Como a nossa escola é do interior, os alunos vão de transporte escolar de manhã cedo para as aulas de reforço, almoçam na escola e pela tarde eles têm aula" explica.
O investimento para a pasta em 2024 foi de R$ 6,1 milhões, representando 18,28% do orçamento municipal. Para este ano, conforme informações da prefeitura, está previsto um investimento de R$ 6 milhões. Com este recurso, a gestão municipal implantou uma novidade aos alunos a fim de estimular o hábito de leitura nos estudantes, o Vale-Livro.
Crianças de quatro e cinco anos da rede de educação infantil municipal, assim como os 152 alunos do primeiro ao nono ano do ensino fundamental passaram a receber, a partir de 1º de agosto, um vale no valor de R$ 35,00 para comprarem livros de sua preferência na Feira do Livro de Porto Lucena,
A fim de manter o alto índice na educação neste e nos próximos anos, a secretária diz que anualmente o município incentiva a formação pedagógica de todos os 37 professores da rede municipal. “Nós estamos sempre incentivando os professores a aprender mais. Nós temos uma parceria com o Sicredi, em que temos uma assessora que vai até a escola mensalmente, junto com a coordenadora da Secretaria de Educação, e escuta esses professores e trazem novidades de como trabalhar com os alunos”, afirma.
Em nota, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que a meta estabelecida para o Rio Grande do Sul em 2026 é alcançar 70% das crianças alfabetizadas ao final do 2º ano do Ensino Fundamental, alinhando-se ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e às diretrizes nacionais que visam atingir 80% até 2030. O Estado e os municípios gaúchos vêm desenvolvendo políticas consistentes nesse sentido. Desde 2023, está em execução o Programa Alfabetiza Tchê, construído em regime de colaboração com os 497 municípios, com apoio da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs).
Crianças de quatro e cinco anos da rede de educação infantil municipal, assim como os 152 alunos do primeiro ao nono ano do ensino fundamental passaram a receber, a partir de 1º de agosto, um vale no valor de R$ 35,00 para comprarem livros de sua preferência na Feira do Livro de Porto Lucena,
A fim de manter o alto índice na educação neste e nos próximos anos, a secretária diz que anualmente o município incentiva a formação pedagógica de todos os 37 professores da rede municipal. “Nós estamos sempre incentivando os professores a aprender mais. Nós temos uma parceria com o Sicredi, em que temos uma assessora que vai até a escola mensalmente, junto com a coordenadora da Secretaria de Educação, e escuta esses professores e trazem novidades de como trabalhar com os alunos”, afirma.
Em nota, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que a meta estabelecida para o Rio Grande do Sul em 2026 é alcançar 70% das crianças alfabetizadas ao final do 2º ano do Ensino Fundamental, alinhando-se ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada e às diretrizes nacionais que visam atingir 80% até 2030. O Estado e os municípios gaúchos vêm desenvolvendo políticas consistentes nesse sentido. Desde 2023, está em execução o Programa Alfabetiza Tchê, construído em regime de colaboração com os 497 municípios, com apoio da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs).
