Foi concluído o processo de secagem e desinfecção de parte do acervo arquivístico do Museu do Carvão, localizado em Arroio dos Ratos, na Região Carbonífera O trabalho foi realizado sob contrato com a Secretaria de Estado da Cultura e representa um marco na preservação de documentos atingidos por desastres climáticos.
Em maio deste ano, as águas das enchentes inundaram uma parte do acervo, comprometendo cerca de 650 caixas de documentos e 100 volumes de grandes formatos. Logo após o evento, o material foi congelado para conter a proliferação de micro-organismos. No entanto, devido à presença de contaminantes na água das enchentes, o desafio não era apenas secar, mas também desinfetar o acervo - um processo extremamente complexo, especialmente considerando a quantidade massiva de documentos. Estima-se que o total recuperado ultrapasse 700 mil folhas.
Acervos de menor volume podem ser secos ao ar, espalhando-os em superfícies ou pendurando em varais, mas, no caso de grandes volumes, é necessário recorrer a métodos específicos e eficazes em larga escala. Até então, soluções viáveis para esse tipo de tratamento em massa eram inexistentes no Brasil. Foi nesse contexto que o conservador-restaurador Stephan Schäfer em parceria com a Preservatech desenvolveu uma solução inovadora.
Schäfer utilizou um método de secagem com ventilação forçada, aquecimento controlado e desumidificação em recintos estanques. Além disso, contou com o uso de um gerador industrial de ozônio - equipamento importado e projetado para desinfecção de acervos e ambientes, ideal para situações como grandes enchentes ou infiltrações.
As próximas etapas que fazem parte do mesmo projeto compreendem a restauração, planificação e digitalização que serão executadas num laboratório montado especificamente para essa finalidade na Casa de Cultura Mário Quintana. Esta segunda etapa será coordenada pelo professor Jorge Vivar, da Ufrgs, junto a restauradora/conservadora Kathia Inês Berwanger que também já acompanharam a primeira etapa do projeto junto aos responsáveis da pasta estadual.
No final do projeto estima-se que este acervo será praticamente 100% recuperado. Com isso, a metodologia desenvolvida e aplicada pode servir até de exemplo para casos futuros, não só no Brasil como em qualquer lugar do mundo.