Porto Alegre,

Publicada em 20 de Março de 2024 às 00:30

Safra de uva na Campanha gaúcha tem quebra de 40%

Fenômeno El Niño é considerado o principal responsável pelo quadro; prejuízo não deve impactar no preço

Fenômeno El Niño é considerado o principal responsável pelo quadro; prejuízo não deve impactar no preço

/VINÍCOLA CAMPOS DE CIMA/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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Liliane Moura
Segunda maior produtora de bebidas à base de uva do Brasil - atrás da Serra gaúcha - a região da Campanha teve uma quebra de 40% na produção de uvas na safra desse ano. O motivo, segundo os produtores, foram os efeitos do El Niño no crescimento da fruta. No entanto, nem mesmo esse cenário de queda na produção freia o otimismo na busca por uma bebida de qualidade competitiva no mercado nacional e exterior.
Segunda maior produtora de bebidas à base de uva do Brasil - atrás da Serra gaúcha - a região da Campanha teve uma quebra de 40% na produção de uvas na safra desse ano. O motivo, segundo os produtores, foram os efeitos do El Niño no crescimento da fruta. No entanto, nem mesmo esse cenário de queda na produção freia o otimismo na busca por uma bebida de qualidade competitiva no mercado nacional e exterior.
Os vinhos da Campanha são exportados para mais de 30 países, de acordo com o presidente da Associação dos Vinhos da Campanha Gaúcha, Pedro Candelária. A região tem, inclusive, desde 2020 a Indicação Geográfica, que identifica as características próprias das bebidas da região. No ano passado, foram fabricados 2,970 milhões litros com o selo entre vinhos tinto, branco, rosé e espumantes.
O líder da entidade falou sobre a quebra na safra e entende que, mesmo assim, o produto final não deve ser alterado. "Nós priorizamos a qualidade e não quantidade. Toda safra colhida manteve o mesmo padrão dos anos anteriores, mesmo que para isso os números fossem menores. Esse ano foi atípico", disse. 
Ele também reforça que é uma que os números são uma estimativa de análises preliminares, pois os dados oficiais serão divulgados em abril e maio. No entanto, Pedro afirma que os valores dos produtos não devem sofrer elevação por conta dessa redução na colheita.
Atualmente, são 19 vinícolas associadas que cultivam as uvas e produzem as bebidas. Juntas, elas correspondem a uma área de quase 500 quilômetros, o equivalente ao tamanho do território de Portugal. Destas 11, trabalham com o enoturismo. "É um turismo diferente da Serra Gaúcha, por causa da longa extensão precisa de uma semana para conhecer todos os locais. As pessoas geralmente vêm de carro e ficam dias aqui", comenta o presidente da Associação dos Vinhos da Campanha Gaúcha.
Além de comandar a organização, o português Pedro Candelária trabalha, desde 2012, atua com a esposa e uma das sócias da Vinícola Campos de Cima, a Manuela Ayub, em Itaqui. Para ele, a região das fronteiras está atraindo mais turistas. "O mercado consumidor, que tradicionalmente era mais preconceituoso com o vinho nacional tem se vindo a rejuvenescer e a estar mais aberto a produtos nacionais de qualidade", comenta, ao ressaltar, também,  a importância dos voos comerciais direto de Porto Alegre para Uruguaiana que, segundo ele, impulsionam desenvolvimento do turismo na região.
 

Vinícolas querem ampliar divulgação em busca de mais turistas

Propriedades da Campanha querem oferecer diferenciais aos visitantes

Propriedades da Campanha querem oferecer diferenciais aos visitantes

/VINÍCOLA VINHO E VINHAS/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Localizada em Bagé, a Vinícola da Batalhas Vinhos e Vinhas teve a plantação das primeiras parreiras em 1888. As produções deram origem as primeiras comercializações de vinho pela Vinícola Marimom. Atualmente, o local recebe cerca de 1 mil visitantes por ano.
"Somos uma pequena vinícola de seis hectares", comenta o sócio da vinícola, Giovâni Perez. Ele é tesoureiro da Associação dos Vinhos da Campanha Gaúcha que organiza as vinícolas da região. Recentemente, a associação realizou uma parceria com o Sebrae a fim de explorar de forma profissional o potencial do enoturismo na Campanha. Em uma pesquisa feita questionava os entrevistados sobre o porquê das pessoas não visitarem a Campanha. E o principal motivo foi a falta de informação sobre a região.
Em razão do estudo, foi desenvolvido a Rota Vinhos da Campanha Gaúcha e o e-book que divulga os roteiros de atividades e atrativos das vinícolas locais, além de dicas, sobre as características e potencialidades do Pampa, como também, dicas de passeio, de compras, agências de turismo, locadoras de veículos e agências de viagens. "A gente trabalha de segunda a sábado e recebe visitas do Brasil inteiro", analisa Giovâni, sobre o conhecimento do público na Campanha. "As pessoas mais atentas ao vinho já criam um conceito que principalmente no vinho tinto de alta qualidade está saindo da Campanha gaúcha", analisa Perez.
De acordo com o sócio, a vinícola foca não apenas em promover o consumo de bens e serviço, mas também em proporcionar uma experiência cultural e histórica ao visitante. "A gente tem uma riqueza histórica muito grande. Não precisa inventar nada. Apenas contar a nossa história. O novo turista porque ele quer se envolver com a cultura da região", analisa.
 

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