A prefeitura de Pelotas, sob o comando do prefeito Fernando Marroni (PT), inicia seu mandato com a definição de prioridades claras para a gestão municipal. Segundo o chefe do Executivo, o foco e desafio imediato é com medidas para mitigar os impactos das chuvas. “Queremos acessar o recurso rapidamente para resolver o problema do Laranjal”, cujo dique tem uma cota de dois metros, uma capacidade inferior ao aumento do volume de chuvas.
Outras ações envolvem o fomento em tecnologia e inovação, por meio da consolidação de um hub de saúde no Pelotas Parque Tecnológico. “O Brasil entrou na rota de substituição das importações dos insumos para a medicina. Pelotas será um desses polos”, vislumbra.
Ver esta publicação no Instagram
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, o prefeito também ressaltou a importância de parcerias com as esferas estadual e federal para viabilizar projetos prioritários e destacou as potencialidades de Pelotas como um polo turístico e industrial. Confira abaixo os principais trechos da conversa.
Jornal do Comércio – Como resume essas primeiras semanas de governo? O que está sendo priorizado?
Fernando Marroni – Primeiro, estamos fazendo um diagnóstico de todos os setores da prefeitura, dos problemas que nós temos na cidade. Mas isso não nos impediu de articular uma frente com o Sanep, com obras, serviços urbanos de qualidade ambiental, para que a gente cumpra aquilo que nos comprometemos na campanha. Nos primeiros dias de governo, começamos um grande mutirão para retirar o lixo da cidade, desobstruir bueiros e galerias, que a cada chuva a cidade alarga. Então, essa é uma prioridade nossa. E estamos desenvolvendo esse mutirão, concentrado, com muita força, e tem dado muito bom resultado nas áreas que nós já conseguimos atingir. Segundo, o sistema de proteção contra cheias; os processos estão no fundo do Governo do Estado e alguns na Defesa Civil Nacional. Nós precisamos acessar o recurso rapidamente para resolver o problema do Laranjal, que é uma exposição, um dique que não tem capacidade, a sua cota está em dois metros e isso nos preocupa demais. E aqui na Estrada do Engenho, também mais a médio prazo, temos um projeto na Defesa Civil que é para elevar o dique de três metros para quatro metros, que acreditamos que seja uma cota segura. E, enfim, a partir do diagnóstico que nós vamos ter no dia 30, vamos fazer uma reunião geral, um diagnóstico geral, e aí sim poder fazer as projeções mais para a frente. Queremos recuperar, principalmente nesse início de governo, máquinas, equipamentos, para que a gente possa cuidar das estradas rurais e dos serviços urbanos. E na área da educação, nossa grande preocupação é garantir todas as salas de aulas com professores e garantir matrícula para a pré-escola, para todos aqueles que demandarem.
JC – Como está a relação com a Câmara Municipal?
Marroni - É uma relação bastante transparente, democrática e bastante respeitosa. A nossa bancada na Câmara de Vereadores apoiou a chapa que se elegeu na mesa diretora da Câmara. Enviamos os projetos emergenciais que eram da reforma administrativa, e tivemos apoio da Câmara de Vereadores. Mas ficou faltando o Minha Casa Minha Vida, que é urgente: nós temos que fazer a contratação ainda no mês de janeiro, de 250 casas, e precisamos dessa aprovação da Câmara do ITBI, do IPTU e do ISS, que barateia o custo da casa e beneficia os consumidores.
JC - Pelotas recentemente entrou na categoria A do Turismo do Estado. O que será feito para fomentar o turismo na cidade?
Marroni - Nosso grande projeto de turismo aqui em Pelotas é integrar a questão do patrimônio histórico e cultural ao centro comercial. Como a Embratur só pode entrar em programas de turismo, se for internacional, temos aqui já uma iniciativa com a Embratur, para um roteiro de turismo que abranja Pelotas, Rio Grande, Bagé, e a fronteira, com o Uruguai, em Colônia do Sacramento. aqui com o Uruguai Pelotas até Colônia de Sacramento, tendo como tema central a história do Rio Grande do Sul. É claro, a gente precisa recuperar o nosso patrimônio, precisa ter os pacotes atrativos, e a Embratur entra com a inteligência para isso, o Sebrae financia, e vamos estabelecer um plano de turismo regional aqui, envolvendo o Uruguai, mas queremos capacitar, em primeiro lugar, os nossos agentes de turismo para melhorar a sua oferta.
JC – No setor de negócios e empreendorismo, o que a prefeitura tem para o fomento a novas empresas, e na área de tecnologia e inovação?
Marroni - O parque tecnológico agora vai ter o impulso do Badesul, que assina convênio, a partir do qual poderemos, com nosso parque tecnológico, certificar as empresas como startups e fomentar com crédito. O outro tema é o case da saúde, com um novo hub financiado pela Finep, R$ 15 milhões a fundo perdido, para a universidade, para a parceria com a LifeMed, para desenvolver produtos, porque o Brasil entrou na rota de substituição das importações dos insumos para a medicina. Atualmente nós importamos mais de 50% de tudo o que consumimos e é importante que a indústria nacional possa recuperar o protagonismo. Pelotas será um desses polos. Também temos a questão do polo naval, que recomeça, e precisamos preparar as nossas empresas locais, preparar a nossa mão de obra para participar desse cluster. Outra questão importante é a exploração de petróleo na Bacia de Pelotas, que terá uma base de operação aqui no nosso aeroporto. Nós temos faculdade de Geologia, de Engenharia de Petróleo na Ufrgs, e é importante integrar isso para que a cidade também possa se beneficiar. E, além disso, há o setor de logística, com o Porto Seco e o Distrito Logístico, para atender a toda essa demanda de grandes caminhões e bitrens. Então, seria um espaço de acesso às BRs e que teria ali toda a infraestrutura, como as bandeiras de combustível, as empresas que operam com carrocerias, por exemplo. A prefeitura entraria com a área, com a infraestrutura urbana para permitir áreas de descanso, serviço, restaurantes, além de estruturas como posto de saúde, uma linha de transporte entre o distrito e a cidade.
JC - O que está sendo feito na Saúde, inclusive em relação ao novo pronto-socorro?
Marroni – Para o pronto-socorro, ainda faltam pouco mais de 20% da obra. Vamos esperar o fim da obra para equipar a estrutura, e estamos tratando com o governo federal para essa fase. Além disso, temos aqui uma consultoria que foi elaborada pelo governo anterior para a gestão do pronto-socorro. Também já fizemos contato com os hospitais para fazer uma nova contratualização para as filas, especialidades e cirurgias. Isso precisa de uma nova pactuação entre a prefeitura, o governo do Estado, e o governo federal, porque vai se tratar de um pronto-socorro regional. Então, estamos caminhando nessa direção. Mas temos clareza de que esse processo não é para o primeiro semestre de 2025.
JC – Na área de segurança, vai haver continuidade do Pacto pela Paz?
Mainardi - Sim, com uma ênfase maior para a violência contra a mulher. Nossos índices aqui não são bons, e a gente precisa melhorar esse indicador. No restante, vamos dar continuidade a esse programa, que é muito efetivo, muito bom e deu muito resultado.
JC – Para resumir, quais são os maiores desafios do mandato?
Mainardi - O desafio imediato é o sistema de proteção da cidade. Não sabemos quando vai acontecer um novo evento (de fortes chuvas). Mesmo esses dias, o que aconteceu em Santa Catarina, no litoral, são coisas que não aconteciam. De imediato, emos que viabilizar e recuperar o sistema de proteção. O segundo é o tema da saúde. Temos de resolver esse problema das filas, dos exames, das especialidades e das cirurgias. Quero que até o fim do ano a gente vença esse desafio.