Com um resultado que surpreendeu analistas, opositores e o próprio governo de Javier Milei, a aliança governista A Liberdade Avança dominou, de Norte a Sul, o mapa das eleições legislativas na Argentina neste domingo (26), vencendo em 16 províncias, de um total de 24 colégios eleitorais.
Com mais de 99% das mesas apuradas, o partido governista obteve 40,7% do total de votos nacionais, enquanto o peronismo, pelo Força Pátria nacional e regional, conseguiu 31,7%. Nas províncias, a maior surpresa se deu na fortaleza do peronismo, a província de Buenos Aires, o maior colégio eleitoral do país, onde há um mês e meio os peronistas tinham vencido por quase 14 pontos de diferença nas eleições legislativas locais.
A nova legislatura da Câmara passará a ter esta configuração: das 257 cadeiras, A Liberdade Avança ficará com um total de 93 e tende a contar com o apoio dos 14 deputados que o PRO, partido do ex-presidente Mauricio Macri, já possuía. Com isso, a aliança governista ficará com 107 deputados, superando com folga a marca de um terço da Casa (86), garantindo que os vetos do presidente não serão derrubados. No entanto, ainda precisará negociar com outros partidos para chegar à maioria (129), mas a distância ficou menor.
Diego Santilli, que teve de substituir José Luis Espert como principal candidato a deputado, após o escolhido de Milei renunciar por recebimento de recursos de um empresário investigado por narcotráfico, venceu o peronista Jorge Taiana, que foi ministro da Defesa de 2021 a 2023, no governo de Alberto Fernández. Das 35 vagas na Câmara em disputa na província, o governismo levou 17, e o peronismo ficou com 16.
Em seu discurso de vitória, ainda na noite de domingo, Milei disse que o novo Congresso será fundamental para garantir a mudança de rumo e anunciou que fará reformas importantes. Nesta segunda-feira (27), o presidente afirmou que "o pior já passou" e que está pronto para lançar a segunda etapa de seu governo, embora não tenha pressa para avançar em reformas e deve tomar medidas nesse sentido após a posse dos novos parlamentares, em 10 de dezembro.
"Estávamos piores do que em 2001 e 2002, conseguimos a recomposição e o pior já passou", disse o presidente ao canal de TV A24. "É uma consagração histórica. O kirchnerismo e a esquerda nos torpedearam. O resultado é muito forte, e temos um terço da Câmara", acrescentou.
Na oposição, o Força Pátria ficará com 96 deputados; o Províncias Unidas, com 17; a Frente de Esquerda, com 4; UCR e Democracia Sempre ficarão com 3 cada um; a Coalizão Cívica, com 2; Independentes de forças provinciais diversas somam 12; outros ficarão com 13.
No Senado, que tem 72 cadeiras, A Liberdade Avança ficará com 19; o PRO, com 5. O peronista Força Pátria será a maior força individual, com 26; a UCR terá 10; Províncias Unidas, 5. Os movimentos provinciais ficarão com 6; e há mais 1 senador independente.
Além da província de Buenos Aires, o partido de Milei também prevaleceu na Cidade de Buenos Aires (que é um distrito federal) e em Chubut, Corrientes, Córdoba, Entre Ríos, Jujuy, La Rioja, Mendoza, Misiones, Neuquén, Río Negro, Salta, San Luis, Santa Fé e Terra do Fogo.
Folhapress