Ao menos quatro pessoas morreram durante confrontos com forças de segurança em Camarões, neste domingo (26), em meio a protestos para contestar o resultado das eleições presidenciais no país. Os atos foram convocados pelo candidato oposicionista Issa Tchiroma, que reivindicou a vitória. Pessoas foram às ruas em diversas cidades, incluindo Douala, principal centro econômico. A polícia fez uso de gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os protestos.
O governador da região afirmou que, além dos mortos, várias pessoas ficaram feridas, incluindo agentes de segurança. O Conselho Constitucional, principal corte de Camarões, anunciou nesta segunda-feira (27) que o ditador Paul Biya foi reeleito para um oitavo mandato com 53,66% dos votos. Aos 92 anos, ele é o chefe de Estado mais velho do mundo em exercício, no poder desde 1982. Em 2008, Biya aboliu o limite de mandatos presidenciais e manteve um rígido controle político desde então.
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O Conselho Constitucional, cuja criação estava prevista na Constituição de 1996 e é a instância máxima de interpretação de leis e de regulação eleitoral do país, foi criado apenas em 2018 e tem todos os seus 11 membros nomeados por Biya.
A oposição e seus apoiadores acusam as autoridades de tentarem fraudar a votação. Tchiroma já havia se declarado vitorioso nas eleições no último dia 13 de outubro, um dia após o país ir às urnas. O candidato rejeitou os resultados divulgados pelo conselho nesta segunda. "Não houve eleição. Foi um teatro", disse ele.
O político é um ex-porta-voz do governo e ministro do Emprego que rompeu com Biya no início deste ano e montou uma campanha atraindo multidões e o endosso de uma coalizão de partidos de oposição e grupos civis. O sistema eleitoral de turno único de Camarões concede a Presidência ao candidato com mais votos, mesmo que não seja a maioria. Mais de 8 milhões de pessoas estavam registradas para votar na eleição.
Folhapress