Horas após os Estados Unidos atacarem pela primeira vez embarcações no oceano Pacífico, parte de uma controversa campanha militar para interromper o transporte de drogas em águas internacionais, o governo da Colômbia fez um apelo para que a Casa Branca interrompa de forma imediata esse tipo de ação, sob o argumento de que Washington precisa respeitar "as normas ditadas pelo direito internacional".
O apelo feito na noite de quarta-feira (22), em comunicado do Ministério das Relações Exteriores colombiano, afirma que o governo Petro "rejeita a destruição de uma embarcação supostamente relacionada ao narcotráfico no oceano Pacífico" e destacou que a Colômbia continuará defendendo a cooperação internacional "com base no diálogo e no respeito mútuo".
"A Colômbia faz um apelo ao governo dos EUA para que cesse esses ataques", diz trecho da nota. Mais cedo na quarta, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, havia anunciado a destruição de mais duas embarcações que seriam usadas por narcoterroristas. Após semanas de ataques no Mar do Caribe, as ações mais recentes ocorreram no Pacífico, o que sinaliza a ampliação desse tipo de ofensiva.
Segundo dados divulgados no comunicado colombiano, os EUA já fizeram nove ataques contra embarcações na região, incluindo os dois mais recentes no Pacífico, que deixaram 37 mortos. Os episódios acirraram ainda mais as tensões entre Bogotá e Washington. Petro tem sido uma das vozes locais mais críticas contra a ofensiva americana. Na segunda, ele afirmou que a solução para a crise seria tirar Trump do poder, o que motivou críticas internas e de deputados americanos.
Trump, por sua vez, chamou Petro de criminoso e insinuou que o colombiano estaria "levando seu país à ruína". Em resposta, ele afirmou que recorrerá "a advogados americanos" para se defender legalmente das acusações. Apesar das críticas, Bogotá reiterou no comunicado o "apelo ao governo dos EUA para dialogar por meio dos canais diplomáticos", além de reafirmar o compromisso de "continuar conjuntamente a luta contra as drogas na região", como ambos os países têm feito "há décadas".
Presidente do México, Claudia Sheinbaum, fez coro a Petro nesta quinta-feira (23). "Existem leis internacionais sobre como agir ao lidar com o suposto transporte ilegal de drogas ou armas em águas internacionais, e expressamos isso ao governo dos EUA e publicamente", afirmou a líder.
Folhapress