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Publicada em 27 de Setembro de 2025 às 14:38

Ataques israelenses matam 44 pessoas em Gaza enquanto Netanyahu ignora pedidos de cessar-fogo

Vítimas incluem nove pessoas de uma mesma família que estavam em uma casa no campo de refugiados de Nuseirat

Vítimas incluem nove pessoas de uma mesma família que estavam em uma casa no campo de refugiados de Nuseirat

EYAD BABA/AFP/Divulgação/JC
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Agências
Ataques e tiroteios israelenses mataram pelo menos 44 pessoas em Gaza, informaram autoridades de saúde neste sábado, 27. Enquanto isso, cresce a pressão internacional por um cessar-fogo, mas o líder de Israel, Benjamin Netanyahu, continua irredutível em relação à continuação da guerra.
Ataques e tiroteios israelenses mataram pelo menos 44 pessoas em Gaza, informaram autoridades de saúde neste sábado, 27. Enquanto isso, cresce a pressão internacional por um cessar-fogo, mas o líder de Israel, Benjamin Netanyahu, continua irredutível em relação à continuação da guerra.
As vítimas incluem nove pessoas de uma mesma família que estavam em uma casa no campo de refugiados de Nuseirat, de acordo com funcionários do Hospital Al-Awda, para onde os corpos foram levados. Outras cinco pessoas morreram quando um ataque atingiu uma tenda para desabrigados, de acordo com o Hospital Nasser, que recebeu os mortos.
O Exército de Israel disse não ter conhecimento de nenhuma vítima por tiros neste sábado, no sul de Gaza, e não fez comentários imediatos sobre os ataques aéreos.
O diretor do Hospital Shifa, na cidade de Gaza, disse à Associated Press que as equipes médicas estavam preocupadas com os "tanques israelenses se aproximando das proximidades do hospital", restringindo o acesso às instalações onde 159 pacientes são tratados.
"O bombardeio não parou nem por um momento", disse o Dr. Mohamed Abu Selmiya.
Ele acrescentou que 14 bebês prematuros foram tratados em incubadoras no Hospital Helou, embora o chefe da unidade de terapia intensiva neonatal, Dr. Nasser Bulbul, tenha dito que o portão principal da instalação foi fechado devido à presença de drones sobrevoando o prédio.
Os ataques ocorreram horas depois de Netanyahu ter dito a líderes mundiais, na Assembleia Geral da ONU na sexta-feira, 26, que seu país "deve terminar o trabalho" contra o Hamas em Gaza.
As palavras de Netanyahu, dirigidas tanto ao seu público interno - cada vez mais dividido - quanto ao público geral, começaram depois que dezenas de delegados de vários países saíram em massa da sala da Assembleia Geral da ONU na manhã de sexta-feira, quando ele começou a falar.
A pressão internacional para que Israel ponha fim à guerra está aumentando, assim como o isolamento do país, com uma lista crescente de nações decidindo recentemente reconhecer a soberania palestina, o que Israel rejeita.
Os países têm pressionado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que ele force Israel a um cessar-fogo. Na sexta-feira, 26, a repórteres no gramado da Casa Branca, Trump disse acreditar que os EUA estão perto de chegar a um acordo para amenizar os combates em Gaza, o qual "trará os reféns de volta" e "acabará com a guerra".
Trump e Netanyahu devem se reunir na segunda-feira, 29. O republicano comentou nas redes sociais na sexta-feira que "discussões muito inspiradoras e produtivas" e "negociações intensas" sobre Gaza estão em andamento com os países da região.
Israel, no entanto, avança com outra grande operação terrestre na cidade de Gaza. Segundo especialistas, o local passa por uma situação de fome. Mais de 300 mil pessoas fugiram, mas cerca de 700 mil ainda estão lá - muitas porque não têm condições financeiras para se mudar.

Hospitais sofrem com falta de suprimentos e ataques aéreos

 
Os ataques na manhã deste sábado destruíram uma casa no bairro de Tufah, na cidade de Gaza, matando pelo menos 11 pessoas, mais da metade delas mulheres e crianças, de acordo com o Hospital Al-Ahly, para onde os corpos foram levados. 
Outras quatro pessoas morreram quando um ataque aéreo atingiu suas casas no campo de refugiados de Shati, de acordo com o Hospital Shifa. Seis palestinos também foram mortos por tiros israelenses enquanto buscavam ajuda no sul e no centro de Gaza, de acordo com os hospitais Nasser e Al Awda.
Os hospitais e clínicas de saúde na cidade de Gaza estão à beira do colapso. Quase duas semanas após o início da ofensiva, duas clínicas foram destruídas por ataques aéreos, dois hospitais fecharam após serem danificados e outros sofrem com escassez de medicamentos, equipamentos, alimentos e combustível, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Muitos pacientes e funcionários foram forçados a fugir dos hospitais, deixando para trás apenas alguns médicos e enfermeiros para cuidar de crianças em incubadoras ou de outros pacientes que não conseguem se mover.
Na sexta-feira, o grupo de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras disse que foi forçado a suspender as atividades na cidade de Gaza. O grupo afirmou que os tanques israelenses estavam a menos de um quilômetro de suas instalações, criando um "nível inaceitável de risco" para sua equipe.
Enquanto isso, a situação alimentar no norte também piorou, já que Israel suspendeu as entregas de ajuda humanitária por meio de sua passagem para Gaza desde 12 de setembro e tem rejeitado cada vez mais os pedidos da ONU para levar suprimentos do sul de Gaza para o norte, informou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
A ofensiva de Israel em Gaza já matou mais de 65 mil pessoas e feriu mais de 167 mil outras, informou o Ministério da Saúde de Gaza. A pasta distingue civis e combatentes, mas afirma que mulheres e crianças representam cerca de metade das vítimas fatais. O ministério faz parte do governo administrado pelo Hamas, mas as agências da ONU e muitos especialistas independentes consideram seus números como a estimativa mais confiável das baixas em tempo de guerra.
A campanha de Israel foi desencadeada quando militantes liderados pelo Hamas invadiram Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1,2 mil pessoas e fazendo 251 reféns. Quarenta e oito reféns permanecem em Gaza, cerca de 20 deles considerados vivos por Israel, depois que a maioria dos demais foi libertada em cessar-fogos ou outros acordos.

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