O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou neste domingo (21) em Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em que discursará no debate anual de alto nível que reúne 193 membros do órgão. Será a primeira vez em que Lula estará no mesmo local que o seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, desde a eleição do americano e da aplicação de uma série de sanções ao Brasil. Não há, porém, expectativa de encontro entre os líderes.
O evento ocorrerá sob ameaça do anúncio de novas punições contra o Brasil, o que pode gerar constrangimentos à delegação brasileira. Para além do clima de tensão entre Lula e Trump, outros assuntos-chave devem permear a assembleia: a guerra entre Ucrânia e Rússia, o conflito entre Hamas e Israel na Faixa de Gaza, além do combate às mudanças climáticas. A presença militar norte-americana no Caribe, próximo à Venezuela, também pode ser um dos assuntos ligados à América Latina.
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Lula participa nesta segunda-feira (22) de um evento que vai debater a solução para dois Estados na Palestina, defendida pelo Brasil e da qual os EUA se opõem. Um integrante do governo petista estima que cerca de 150 países já expressaram a defesa por essa saída. Para que isso ocorra, porém, é preciso que o Conselho de Segurança da ONU aprove a solução, o que já foi barrado pelos EUA.
A tendência é que o tema seja inserido inclusive no discurso que o presidente fará no debate da assembleia, amanhã. O tema deve aparecer em menor ou maior grau a depender da aplicação de novas punições pelos EUA. Existe a possibilidade de o governo Trump divulgar punições como resposta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, gerando um constrangimento ao presidente brasileiro.
Entre as punições em análise estão o aumento de tarifas, a ampliação de restrição de vistos e a inclusão da mulher de Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, criada para punir violadores de direitos humanos. Se isso ocorrer, um integrante do governo Lula diz que o presidente deverá responder em seu discurso na assembleia.
Segundo o governo brasileiro, mais de 30 países pediram reuniões bilaterais com Lula, entre eles o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A Suécia e Finlândia também solicitaram encontros. Estão confirmados em NY o ministro Mauro Vieira (Itamaraty), Marina Silva (Meio Ambiente) e Ricardo Lewandowski (Justiça).
Folhapress